Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

História de Esperança Garcia é inspiração para transpor barreiras

Elas contam como a força da mulher escravizada, mas que lutou por seus direitos, fortalece outras vidas

12/03/2019 07:10

Na edição desse Fim de Semana, o Jornal O DIA trouxe a história de Esperança Garcia. Escravizada, ela escreveu uma carta onde reivindicava o retorno para perto do marido e uma vida mais digna para si, o filho e as companheiras. A história dessa mulher foi representada na passarela do samba, durante o desfile da Mangueira (RJ), e inspira outras mulheres e homens a continuarem resistindo ao racis mo e ao silenciamento, como vamos continuar contando hoje. 

A rapper Carmen Kemoly, que dentro do seu trabalho contesta a opressão sofrida pelo povo negro e traz muitos desses temas para as músicas, conta que a história de Esperança Garcia é inspiração. Para a cantora, muito mais que ser a primeira mulher negra advogada do Piauí, circunscrita a um nicho, por assim dizer, ela é a primeira advogada do Brasil. “Devemos colocá-la na imensidão que o nome e a história dela carregam”, defende. 


Carmen Kemoly busca ampliar a rede de mulheres no hip hop - Foto: Reprodução/Facebook

“Apesar do esforço de várias lideranças negras, já há muito tempo tentando tirar Esperança Garcia do anonimato, eu acho que esse é um momento único porque a Esperança Garcia nunca esteve tão na mídia, tão na boca das pessoas. A história dela nunca esteve tão amplamente divulgada como tem sido hoje, principalmente agora”, afirma. 

Ela conta que está na cena do hip hop desde 2012 e que, enquanto mulher negra, rapper e da periferia, também luta contra a invisibilização do seu trabalho, luta essa que o nome e a história de Esperança Garcia fortalecem cotidianamente. 

“Existe uma camaradagem entre os homens, que o hip hop é feito em sua maioria por homens, e por causa dessa rede de apoio conseguem ter uma visibilidade ainda maior que as mulheres negras, tanto porque estamos em número menor e porque não temos essa rede de mulher pra mulher. Antes de fazer rap, a gente precisa ter um arsenal de tempo que não temos, tem a maternidade, estudos, cobrança da família. (...) Me reconheço muito na história de Esperança Garcia também por causa disso, por esse protagonismo que a gente exerce desde sempre, mas tem essa questão de que o nosso nome [mulheres] demora um pouco mais pra sair”, conclui.

Por: Ananda Oliveira - Jornal O Dia
Mais sobre: