Cerca de 213 famílias que viviam na ocupação Anselmo Dias
II, região do Grande Dirceu, zona Sudeste de Teresina, estão sem lugar para
morar. Isto porque a Polícia Militar do Piauí cumpriu ontem (22) a ordem
judicial de despejo das famílias que ocupavam um terreno particular. O processo
de retirada estava acontecendo há nove meses.
Com algumas horas de prazo, mães e pais de família retiravam
eletrodomésticos e pertences das casas recém construídas no terreno. Francisca
Rodrigues morava em uma casa de taipa com o marido e a filha de 2 anos e 7
meses. Ambos estão desempregados e não têm onde morar. “Faz nove meses que
estamos aqui, somos os dois desempregados”, conta.

Francisca Rodrigues está
desempregada junto
com o esposo e não
sabem onde vão viver (Foto: Moura Alves/O Dia)
Outro morador que acompanhava a demolição de sua casa era
Francisco Alves, de 54 anos. Apesar de não ter onde morar, ele tentava dar
esperança aos vizinhos. “Vamos todos para o meio da rua. Ninguém tem para onde
ir. Eles disseram que era terreno do Estado, só que agora chegou essa liminar
com ordem de despejo, alegando que pertence a uma mulher, terreno privado.
Ninguém tem para onde ir, mas com certeza vamos vencer toda essa situação”,
acredita.
O líder comunitário Rafael Dias revela que não há um apoio
de moradia para as famílias que estão sendo retiradas por parte do Governo do
Estado. “Tentamos inúmeras vezes diálogo com o Governo do Estado. Nós temos
grande convicção que a área pertence ao Governo do Estado. Essa liminar foi
arbitrária e um tanto ignorante, pois não pensou no lado social das famílias”,
disse.

A retirada no período de chuvas é uma das críticas à ação
por parte das famílias da região. “O Governo do Estado vira o rosto para não
enxergar e cada vez mais quer colocar a população pobre para a periferia, pois
aqui é uma área nobre da região Sudeste. São 213 famílias sem local para
viver”, exclama Rafael Dias.

Foto: Moura Alves/O Dia
A operação
A operação de despejo dos moradores foi comandada pela
tenente-coronel Júlia Beatriz, que afirmou que o processo ocorria de forma
pacífica. “Do mesmo jeito que tivemos paciência para começar, estamos
aguardando eles retirarem os pertences. Já entenderam que estamos apenas
fazendo nosso trabalho”, afirma. O processo que corre há quase um ano, segundo
a tenente-coronel, trata-se de um terreno de propriedade privada. No entanto, o
dono não foi identificado para prestar mais esclarecimentos.
Por: Gabrielle Alcântara - Jornal O Dia
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