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Moradores do Porto Alegre constroem muretas nas portas das casas para evitar alagamentos

Segundo os moradores, os alagamentos são provocados por uma galeria pluvial que está inacabada.

31/03/2022 11:37

Parece ironia ou uma infeliz coincidência, mas se trata da realidade dos moradores que vivem na Avenida Comodoro, no bairro Porto Alegre II, na zona sul de Teresina: uma via que quando alaga vira um rio, é o mesmo local de uma escola chamada Velho Monge, a expressão que denomina o Rio Parnaíba, que banha a capital piauiense. Para os moradores, a realidade é o retrato do descaso da gestão municipal com a região, já que, apesar das constantes reclamações da população, há 25 anos a situação continua a mesma.


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Foto: Assis Fernandes/O Dia

Segundo os moradores, os alagamentos são provocados por uma galeria pluvial que está inacabada, fazendo com que a água escoada dos bairros próximos, como Porto Alegre I e Esplanada, se encontrem na Avenida Comodoro. Devido à falta de um sistema de drenagem, a água acumula na avenida e invade os imóveis. Sem uma solução por parte da Prefeitura de Teresina, a única alternativa encontrada pelos moradores foi construir muretas nas portas das casas para evitar que os imóveis sejam alagados durante a chuva.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

A comerciante Anatália Rocha mora na Avenida Comodoro há 15 anos e já perdeu as contas do prejuízo causado pelos constantes alagamentos. Ela foi uma das moradoras que construiu muretas em todas as portas de casa para tentar minimizar as perdas materiais. No último período chuvoso, a moradora perdeu vários móveis após a água invadir a sua residência.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

“A calçada é alta, mas é tanta água que passa por cima da calçada e alaga as casas. No último período chuvoso, eu estava viajando e quando cheguei meus móveis estavam apodrecidos porque a água entrou na minha casa. Perdi máquina de lavar, guarda roupa... Tive que lavar até as paredes porque estava tudo sujo de lama. A situação só não se repetiu esse ano porque eu construí essa mureta na porta, senão já teria entrado de novo”, relata a comerciante.

O mecânico Osvaldo Pereira mora nas proximidades da galeria há 23 anos e há seis tenta, sem sucesso, alugar um ponto comercial. Segundo ele, os constantes alagamentos e a falta de asfalto são as principais reclamações dos interessados pelo imóvel. Os comerciantes Josué Cardoso e Milton Jacob também possuem estabelecimentos na avenida e afirmam que há uma redução expressiva nas vendas durante o período chuvoso devido ao acúmulo de lama. "A situação é essa, a avenida cheia de lama e buraco. Os clientes não param porque não querem se sujar, e as vendas sempre caem. Quando chove, a água é tanta que passa por cima do canteiro", conta Josué.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

O empresário Carlos Jean é outro morador que contabiliza os prejuízos causados pela falta de estrutura e drenagem urbana. O empresário investiu na construção de uma faculdade na Avenida Comodoro, porém, mesmo após três anos de finalizada a obra, ainda não conseguiu inaugurar o prédio. Em entrevista ao O Dia, Carlos Jean criticou a inércia do poder público em solucionar os problemas da região, que já duram mais de duas décadas.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

“Por que essa situação não se resolve? Se faltam recursos, cadê os nossos impostos? Por que eles são investidos em uma região e em outra não? Quando é que a gente vai ter um posicionamento que traga, de fato, uma solução e não meias palavras? Estou tentando inaugurar a faculdade, mas está sendo difícil por causa dessas circunstâncias. O prejuízo é muito grande”, avalia.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

O empresário revela que, durante a chuva, a força da água é tão grande que a população fica ilhada. Quem está fora de casa precisa esperar a chuva passar para não ser levado pela correnteza. 

“Quando está chovendo, preciso ficar arriscando a minha vida dentro do carro, gastando combustível que está mais de R$ 8, porque não posso vir pra casa. Outro dia eu desci do carro e não sei como a água não me levou, chorei pra não morrer. Esse ano já vimos uma colega professora morrer porque o carro foi arrastado. Se é o período de estiagem é poeira, se é o período chuvoso é essa calamidade, sem podermos trafegar nas vias públicas”, destaca.

Além dos problemas no sistema de drenagem, os moradores também reclamam da falta de limpeza e das péssimas condições da pista. Para eles, a Avenida Comodoro poderia ser uma das principais vias de acesso da região Sul de Teresina e servir como uma alternativa à BR-316. No entanto, a mobilidade da região fica prejudicada, já que a avenida, que deveria ter duas faixas separadas por um canteiro, possui asfalto em apenas um lado. Do outro, sequer há calçamento.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

Para Bartolomeu Pinheiro, que é cadeirante, a situação é ainda pior. Por causa das péssimas condições da avenida, o morador relata que já perdeu até sessões de fisioterapia por não conseguir sair de casa. Para conseguir passar pela lama e pelos buracos, ele precisa contar com a ajuda de familiares ou vizinhos. "A cadeira não passa. Tem coisas como ir ao banco ou ao médico, que só a pessoa resolve, e eu não consigo ir porque não tenho como sair de casa. O meu direito de ir e vir não está sendo respeitado", lamenta.

Outro lado

A reportagem do O Dia entrou em contato com a Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano (ETURB), que informou que a coordenação asfáltica irá fazer uma vistoria para avaliação e levantamento de orçamento, para depois incluir o trecho na lista da equipe de pavimentação. 

"Reforçamos que a ETURB conta com uma ouvidoria pelo whatsapp através do número (86) 99470-6980, onde a população pode enviar mensagens com informações (foto, endereço) sobre as ruas que precisam de reparos/pavimentação", comunicou, por meio de nota.

A Saad Sul também foi procurada pelo O DIA e comunicou que vai encaminhar, na próxima segunda-feira (04), uma equipe de engenharia para realizar a vistoria do local e providenciar um serviço de emergência

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