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Vídeo: mulher morta com tiro no Promorar era alvo de criminosos, diz delegada

Lidiane de Paiva não tinha envolvimento com facções criminosas, mas o seu companheiro já tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas

21/09/2021 10:32

Lidiane de Paiva Brasil, de 28 anos, que morreu ao ser alvejada com um tiro nas costas na última quinta -feira (16), era, na verdade, o alvo da execução. A ação chocou moradores do bairro Santo Antônio, região do grande Promorar, na zona Sul de Teresina. 


De acordo com novas informações apuradas pela equipe do PortalODia.com, Lidiane não tinha envolvimento com facções criminosas, mas o seu companheiro já tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas. Nayana da Paz, delegada do núcleo de feminicídio, afirma que o inquérito policial foi instaurado e que as primeiras provas do caso já estão sendo coletadas.

Lidiane de Paiva Brasil, de 28 anos, morreu ao ser alvejada com um tiro nas costas na última quinta -feira. (Foto: Divulgação/Redes Sociais)

Até onde nós apuramos, ela era um dos alvos da execução. Ainda não recebemos o laudo do IML, mas tudo indica que Lidiane realmente faleceu em razão do disparo de arma de fogo. A vítima se relacionou durante muito tempo com um rapaz que tinha passagem por tráfico. Mas, com relação a ela, não há constatação de antecedentes criminais”, explica Nayana. 

Delegada Nayana da Paz, do núcleo de feminicídio de Teresina. (Foto: Assis Fernandes/ODIA)

A delegada destaca ainda que a região do Promorar é bastante conturbada em razão das facções criminosas e do tráfico de drogas. E que, muitas vezes, envolvimentos com grupos criminosos ou pessoas próximas destes grupos podem resultar em feminicídio que, por sua vez, não parte apenas da violência doméstica, mas de diversos motivos.

"Às vezes recebemos denúncias anônimas, são vários elementos que usamos para poder investigar o caso. Hoje, vemos muito a questão do feminicídio não só pela violência doméstica, mas também por questões de organização criminosa. O caso das meninas de Timon, por exemplo, mostra isso. As mulheres não estão mais morrendo somente por violência doméstica, mas também por envolvimento em certas questões. Várias razões têm sido motivação para a morte das mulheres”, conta. 


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Entenda o caso

No dia 16 deste mês, Lidiane de Paiva Brasil foi morta a tiros na região do Promorar. Inicialmente, a Polícia Civil apurou que a mulher teria caído ao fugir do tiroteio e, assim, falecido de afundamento craniano. Entretanto, esta afirmação foi negada algum tempo depois, após ser apurado pela investigação que ela teria sido vitimada por tiro de arma de fogo. 

O fato ocorreu por volta das 8h da manhã, na Rua Boiadeiro. Lidiane chegou a ser socorrida pelos familiares e populares, que a levaram às pressas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Promorar. Apesar do socorro, a mulher não resistiu aos ferimentos e faleceu.

Núcleo de feminicídio de Teresina tem cerca de 30 inquéritos em andamento 

A delegada Nayana da Paz comenta que, atualmente, o núcleo de feminicídio tem cerca de 30 inquéritos em tramitação. De acordo com ela, a demanda é relativa, pois muitas vezes o processo volta da justiça para a diligência. Nayana argumenta que a maior parte das investigações são aprofundadas, pois geralmente não há testemunhas, nem informações sobre o suspeito de determinado crime.


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O núcleo de feminicídio ressalta a importância das mulheres denunciarem as violências domésticas sofridas logo no início. (Foto: Jailson Soares/ODIA)

"Ninguém chega e diz que matou ou uma testemunha fala quem fez o crime. Então, quase sempre é um quebra cabeça que vamos juntando com uma pecinha aqui e outra ali. Às vezes recebemos informações anônimas e assim vamos montando, até que tudo aponta para alguém”, explica a delegada.

O núcleo de feminicídio ressalta ainda a importância das mulheres denunciarem as violências domésticas sofridas logo no início das ações, o que torna mais simples o processo de medidas e prisões preventivas. “A questão é denunciar e não deixar a escala de agressões aumentar. É importante denunciar no começo e  acreditar nos efeitos da medida protetiva”, finaliza Nayara da Paz. 

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