O desembargador Raimundo Eufrásio Alves Filho negou, na tarde desta sexta-feira (23), que tenha solicitado à Fundação Getúlio Vargas (FGV) a anulação do concurso público realizado no último domingo para preenchimento de 180 vagas distribuídas entre 16 cargos distintos.
O magistrado afirma que as tentativas de fraude descobertas até o momento não são suficientes para motivar a anulação de um processo que teve mais de 40 mil candidatos inscritos.
Desembargador Raimundo Eufrásio, presidente do TJ-PI, repudia boatos sobre concurso (Foto: Assis Fernandes / O DIA)
O desembargador também lamenta a sucessão de boatos que têm sido divulgados, com a ajuda de parte da imprensa local, e adianta que a Polícia Civil já estipulou um prazo de 20 dias para concluir o inquérito através do qual está sendo investigada a tentativa de fraude ao concurso.
"Nós não podemos antecipar os fatos. A realidade é que houve essa tentativa [de fraude] dessas cinco pessoas, até agora. Se, evidentemente, houver uma ramificação ensejadora da nulidade, não tenha dúvidas de que nós anulamos [o concurso]. Mas isso são só conjecturas e expectativas. São 42 mil pessoas inscritas. Por isso, tem que ser coerente a decisão para determinar a anulação ou a manutenção do concurso. A Fundação Getúlio Vargas, que foi a responsável pela organização, é uma empresa que todos nós conhecemos, e que faz concurso no país inteiro", ressalta Raimundo Eufrásio, acrescentando que a Polícia Civil deve fazer novas diligências no sentido de esclarecer os fatos, inclusive com a quebra de sigilos bancários e telefônicos.
Sidnei Gonzalez, diretor de mercado da FGV, disse á reportagem d'O DIA que não há nenhuma possibilidade de se cancelar o concurso. "Imagina se eu vou prejudicar 42 mil candidatos, por conta de meia dúzia de pessoas que tentaram fazer uma fraude, sem sucesso. São 99,9% de candidatos iôneos, sérios, que se prepararam durante meses, e não podem ser prejudicados por conta de uma quadrilha que sequer obteve êxito", avalia.
O gestor da Fundação Getúlio Vargas afirma que, além de ter contratado seguranças particulares, a empresa organizadora do certame também recebeu total apoio da Secretaria de Segurança Pública do Estado. "Nós contratamos uma empresa de segurança com mais de 50 profissionais, e tivemos também a ajuda de dois delegados, cujas equipes fizeram um trabalho espetacular. Por meio de rastreamento, eles conseguiram descobrir onde havia celular funcionando escondido e identificaram as pessoas que estavam recebendo as respostas", afirma Sidnei.
O diretor da FGV lamenta que parte da imprensa local esteja divulgando informações deturpadas, que levam a crer que houve o vazamento do gabarito oficial, quando na realidade o que ocorreu foi a negociação de um gabarito extraoficial, que seria enviado por uma pessoa que teve acesso à prova nos momentos finais de aplicação.
"Nosso primeiro objetivo era prender em flagrante os envolvidos, e depois apreender os equipamentos eletrônicos que estavam sendo utilizados para enviar as respostas pelos integrantes da quadrilha. Conseguimos isso, e a partir desses equipamentos estamos identificando todas as pessoas que seriam beneficiadas com o esquema. Eu vi esses gabaritos que foram apreendidos, comparei esses gabaritos com os oficiais, e eu posso garantir que eles passam muito longe das respostas corretas", detalha Sidnei.
O diretor acrescenta que as provas da FGV são produzidas no Rio de Janeiro, e enviadas para os locais de provas em malotes protegidos com cadeados que são monitorados por GPS. "Todas as nossas provas são monitoradas via satélite, e os malotes só são abertos 15 minutos antes da aplicação. Ou seja, eu posso assegurar que é impossível haver o vazamento desse material", conclui Gonzalez.