Representantes da Defensoria Pública do Estado, acompanhados de policiais, ameaçaram dar voz de prisão na madrugada desta terça-feira (07), ao doutor Clériston Moura, do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), por descumprimento de ordem judicial expedida pelo juiz Deoclécio Sousa, determinando a transferência de um paciente em estado grave para a UTI. Outro médico, do Hospital Getúlio Vargas, Mário Primo da Silva Filho, também teria sido ameaçado de prisão pelo mesmo motivo.
Segundo o juiz Deoclécio Sousa, os mandados foram expedidos após a família de duas vítimas de acidentes automobilísticos no interior do Piauí terem acionado a Defensoria Pública dizendo que a equipe médica dos hospitais teriam tratado os pacientes com descaso, deixando-os no corredor do hospital em estado grave. Para Deoclécio Sousa, a equipe médica tratou os pacientes com descaso pela saúde a vida humana.
Foto: Lina Magalhães/Arquivo ODIA
�€œEu atendi a denúncia da Defensoria e expedi uma ordem judicial determinando a transferência dos pacientes para uma Unidade de Terapia Intensiva, mas essa decisão não foi cumprida em tempo hábil. A ordem era retirar os pacientes do corredor o mais rápido possível ou o pagamento de multa no valor de R$ 10 mil diários. Como a determinação não foi atendida, eu expedi mandado de prisão contra esses dois profissionais que coordenavam as equipes médica do HUT e do HGV�€, diz o doutro Deoclécio Sousa.
Os mandados de prisão, segundo o juiz, saíram no final da noite de ontem (06). "Um deles deveria ser cumprido no HUT pela madrugada. Eu soube que no HGV não foi dado cumprimento porque o médico não foi localizado no plantão", disse o juiz.
Em nota, o HUT informou que o doutor Clériston Moura não chegou a ser detido porque, após meia hora do recebimento do mandado expedido pelo juiz Deoclécio Moura, a paciente Andressa Araújo foi transferida para a UTI. Ela deu entrada no hospital no domingo (05) as 22 horas, após sofrer um traumatismo craniano, e encontrava-se na sala de recuperação pós-anestésica depois de ser operada.
A assessoria do hospital informou ainda que o médico recebeu a notificação da defensoria pública determinando que ele teria que pagar uma importância no valor de R$ 10 mil, caso não fizesse a transferência. No entanto, o doutor Clériston Moura disse que não efetuaria o pagamento porque isso é responsabilidade do Estado.
Procurado pelo PortalODIA.com, o Sindicado dos Médicos do Piauí disse, através da sua assessoria, que conversou com o dr. Clériston Moura e ele afirmou que vai recorrer da decisão do juiz e acionar a justiça porque considerou a medida arbitrária, pontuando que a Defensoria Pública deveria ter tratado diretamente com a direção do hospital. A assessoria jurídica do SIMEPI informou ainda que o fato de haver pacientes nos corredores não é culpa do médico e sim da falta de estrutura do hospital.
O médico do HGV, doutor Mário Primo, não foi encontrado pela reportagem do PortalODia.com para comentar o caso.