Os cavalos da Guarda Montada da Polícia Militar do Piauí
passaram por momentos difíceis esta semana. Foram pelo menos quatro dias sem
comer ração, comendo apenas o feno. O período em que os animas receberam a
alimentação incompleta foi o bastante para que começassem a definhar.
Fotos: Marcela Pachêco/ODIA
As atividades sociais que são desenvolvidas com crianças e adolescentes na cavalaria, como equitação e a equoterapia, método terapêutico para reabilitação de crianças com necessidades especiais, tiveram que ser canceladas, pois os animais não tinham energia suficiente para o trabalho.
Ao todo, a cavalaria tem 48 animais, que são usados nas operações da Polícia Militar e nos projetos sociais como a equoterapia, que tem cinco cavalos destinado apenas à atividade. O Pelotão Mirim é outro projeto desenvolvido pelo Esquadrão da Polícia Montada.
Cada animal consome três quilos de ração, que são adicionados a sete quilos de feno, todos os dias. A ração, que estava em falta, chegou no início da semana, mas os cavalos ainda estão abatidos. Isso porque ainda é necessário algum tempo de alimentação adequada para que eles se recuperem totalmente.
Falta lanche e uniforme para as crianças do Pelotão Mirim
O recurso necessário para manter o projeto social do Pelotão Mirim é mínimo, diante dos benefícios que poderiam ser garantidos às crianças e aos adolescentes de 8 aos 18 anos. No entanto, falta o básico, como lanche e uniforme para os integrantes do projeto.
O valor do lanche que deveria ser servido às crianças no decorrer da atividadeé de aproximadamente R$ 5,00 por aluno, mas as mães é que estão se reunindo para bancar essa despesa.
O uniforme composto por camisa, calça, boné, cinto, tênis e meia custa, em média, R$ 60,00 por aluno, sendo adquirido apenas uma vez por ano. Mesmo assim, o convênio com a SEDUC ainda não foi efetivado.
Outras dificuldades também são enfrentadas pelos instrutores do Pelotão Mirim. Eles prestam serviço voluntário e recebiam ajuda de custo no valor de R$ 160,00. Atualmente, nem isso está sendo custeado.
Mães temem que projeto chegue ao fim
Há seis anos havia pelo menos 500 crianças e adolescentes no Pelotão Mirim, tendo aulas de equitação e desenvolvendo atividades na banda de música e na equoterapia. Atualmente, esse número reduziu para cerca de 400 beneficiários.
O projeto funcionava com três instruções por semana, mas diante das dificuldades causadas pela falta de recursos, passou a acontecer somente aos sábados. Para amanhã, contudo, as atividades foram canceladas. Diante de tantas dificuldades, as mães das crianças que fazem parte do projeto temem que ele acabe de vez.
Francisca Rocha, que tem um filho no projeto e também é liderança da comunidade Vila Verde, conta que já viu muitos jovens se envolverem com drogas depois de sair do Pelotão Mirim. �€œHá poucos dias, meu filho chegou muito assustado em casa porque viu dois adolescentes, cada um com uma arma. Eles queriam matar outro menor que já foi do projeto e se envolveu com as drogas�€, disse Francisca.
Para o comandante do Esquadrão da Polícia Montada, Major Viana, o Pelotão Mirim é um dos trabalhos mais importantes da Polícia Militar. �€œ�‰ um projeto social de prevenção. Uma criança que começa aos oito anos e fica toda a adolescência, não vai se envolver com drogas�€, defende o Major.
Segundo o Relações Públicas da Polícia Militar, Tenente Coronel Renato Alves, o problema está sendo tratado, mas o Estado ainda não repassou o recurso. �€œTodo início de gestão tem dificuldades. Teve essa mudança no governo e no secretariado. Assim que a PM receber o repasse, vai pagar os fornecedores e acertar tudo�€, prometeu o Tenente Coronel.
O comandante da Guarda Montada da Polícia Militar, Major Viana, está com reuniões marcadas com o prefeito de Teresina, Firmino Filho, e com a psicóloga Jeannette de Oliveira, da Coordenadoria de Enfrentamento às Drogas (CEDrogas), com o intuito de firmar parcerias para manter o Pelotão Mirim.