A secretária do defensor público Adriano Moreti foi apontada no inquérito policial como partícipe do esquema. Porém, sua prisão preventiva não foi solicitada porque ela já havia sido interrogada durante o processo investigatório e auxiliou a polícia, inclusive entregando as provas materiais.
Segundo o delegado Kleidson Ferreira, foi a secretária quem conseguiu reunir extratos bancários que comprovam o recebimento do dinheiro ilícito e a posterior devolução de R$ 10 mil. Isso aconteceu porque duas, das três vítimas que tinham pago R$ 5 mil cada um, exigiu o dinheiro de volta após não ter êxito nas ações judiciais.
A secretária, que não teve o nome revelado, seria a intermediária entre o defensor e as vítimas. �€œAs pessoas entregavam o dinheiro para a secretária e ela repassava ao defensor�€, disse o delegado. A mulher, também depositou na conta das vítimas o dinheiro que foi devolvido pelo defensor.
Kleidson Ferreira acrescenta que a investigação envolve somente Adriano Moreti (foto ao lado) e não há indícios da participação de outros defensores públicos ou de funcionários da defensoria. A secretária é servidora da prefeitura de União e havia sido cedida para a defensoria pública.
O inquérito foi instaurado por requisição do Ministério público Estadual, através da promotora Giane Vieira. Foi ela quem recebeu as denúncias das vítimas e formalizou o pedido de investigação.
Segundo o delegado Carlos César, as pessoas não teriam consciência de que estavam sendo enganadas. No inquérito da Polícia Civil foram identificadas três vítimas, sendo dois casos de natureza criminal e um de natureza civil. �€œAs vítimas eram pessoas pobres, que não podiam pagar o valor cobrado, mas faziam o esforço para conseguirem atendimento�€, disse o delegado.
Carlos César justificou a necessidade de prisão preventiva porque o defensor público continuava exercendo a função e poderia fazer novas vítimas. A polícia, inclusive, acredita que outras denúncias irão aparecer depois que o caso foi tornado público.
O advogado Jurandir Porto é quem está defendendo Adriano Moreti. Ele alega que o seu cliente é inocente e que a prisão foi ilegal, por isso foi feito o pedido de relaxamento. �€œTudo isso é alvoroço. As coisas vão se acertar com serenidade e com o tempo�€, disse Jurandir.
Além do mandado de prisão, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do defensor e na defensoria pública de União. O prazo para concluir o inquérito é de 10 dias. Enquanto isso, Adriano tem direito a foro privilegiado e ficará em uma cela especial.
Atualizada às 16h30
Foi preso na manhã de hoje (19) pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) o defensor público Adriano Moreti Batista sob acusação de crime de corrupção. De acordo com o delegado Carlos César Camelo, o acusado estaria cobrando o valor de R$ 5 mil para dar entrada nas ações judiciais. "Isso é corrupção, já que ele é pago pelo Estado para fazer o atendimento de forma gratuita. Não pode cobrar nenhum valor", diz o delegado que presidiu a investigação.
A primeira denúncia contra o defensor foi registrada em julho de 2014. Desde então, o Greco vem investigando. As investigações culminaram no pedido de prisão preventiva. O mandado foi expedido pelo desembargador Edvaldo Moura e cumprido na sede da Defensoria Pública, que fica na zona Leste de Teresina. Foram realizadas, buscas e apreensões referentes ao caso.
O defensor Adriano Moreti foi levado para a sede do Greco, onde estão sendo feitos os procedimentos legais. A defensora geral do Piauí, Norma Lavenère, nomeou o defensor Ulisses Brasil Lustosa para acompanhar o caso e manter a Defensoria Pública informada sobre as acusações e a respeito da investigação.
A partir das 15h, os delegados que cuidam do caso receberam a imprensa na sede do Greco para dar detalhes da investigação.
Por: Nayara Felizardo e Maria Clara Estrêla