A divulgação de um vídeo íntimo em que três adolescentes aparecem mantendo relações sexuais foi o estopim para que Júlia Rebeca tirasse sua própria vida. A garota, que filmou o vídeo, não aguentou a repercussão do caso, que tomou amplitude pelo aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp, e provocou sua morte no último dia 10 de novembro na cidade de Parnaíba, ao Norte do estado.
Antes de morrer, Júlia escreveu mensagens em sua conta no microblog Twitter. Ela postou frases onde pedia desculpas, principalmente, a sua mãe, �€œpor não ter sido a filha perfeita�€. Nas postagens seguintes, Júlia escreveu que estava com medo, mas que tudo iria acabar. Horas depois, o primo da garota atualizou o microblog confirmando a morte da familiar.
O caso já está sendo investigado pela Delegacia Regional de Parnaíba. Contudo, para o terapeuta sexual Noronha Filho, o suicídio da adolescente é resultado de um processo. �€œHoje, uma das maiores causas de morte entre os jovens é o suicídio. Sendo que, em cerca de 80% dos casos, as pessoas avisam que vão cometê-lo, porque, na realidade, elas não querem morrer, mas sim deixar de sofrer�€, explica.
Segundo o especialista, dois fatores são determinantes nestes casos: a hereditariedade, ou seja, pessoas que já tenham um antecedente de suicídio na família e a desestruturação familiar. �€œMuitas vezes, o jovem, por não ter um diálogo aberto com seus pais, se sente sozinho para enfrentar os problemas e, por isso, acaba tirando sua própria vida�€, pontua.
Noronha Filho acredita ainda que a adolescente tinha consciência do ato que praticou, mas que não soube lidar com as consequências do mesmo. �€œHoje com a quantidade de informação disponível e com a �€˜adultização�€™ das crianças não há como negar que uma garota de 15, 17 anos de idade não tenha consciência do que está fazendo. Ela não tinha noção era da vergonha que iria enfrentar, porque no primeiro momento a sensação era de sucesso, visibilidade, mas depois vem a realidade�€, disse.
Por fim, o terapeuta sexual ressalta a importância de pais e filhos manterem uma relação de confiança e proximidade. �€œO que está faltando é diálogo entre pais e filhos, firmar uma relação de respeito, afeto e não de compensação como muitos pais fazem�€, conclui.