O corpo de um homem foi encontrado, na manhã de hoje (27),
dentro de um barril e enrolado em um lençol, na Casa de Custódia. O homem foi identificado
como Lenilson Pereira da Silva, de 27 anos,.
Lenilson estava alojado no pavilhão G, cela 16. Ele é natural da cidade de União, e estava preso desde julho de 2015, por uma acusação de homicídio, mas respondia também por roubo.
Kleiton Holanda, do Sinpoljuspi (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí), disse que Lenilson Pereira teve o pescoço quebrado antes de ser colocado dentro do balde de lixo do pavilhão.
“O IML [Instituto Médico Legal] acabou de leva-lo. A perícia relatou que quebraram o pescoço dele na cela. Pelas escoriações que se vê no corpo, acredita-se também que ele ainda lutou para sobreviver”, comentou Kleiton Holanda. Além de Lenilson, haviam outros cinco presos na cela 16.
Este é o sexto interno do sistema prisional do Piauí a morrer no ano de 2017, o quarto apenas na Casa de Custódia. O presídio é o maior do estado, com vaga para 336 presos, mas abriga atualmente 990 pessoas. Em todo o ano de 2016, foram registradas 16 mortes em penitenciárias do Piauí.
Em proporção ao número de presos, o Piauí é o estado onde mais se mata dentro dos presídios do país. De janeiro de 2015 a março de 2017, 40 presos morreram dentro das penitenciárias piauienses.
Tribunal do Crime
A morte de Lenilson foge do padrão dos homicídios ocorridos dentro das cadeias do Piauí. Em outros casos, os presos são deixados de tal forma que dê a entender que cometeram suicídio, de forma a dificultar a investigação. Entretando, segundo Kleiton, casos em que a morte é mais exposta têm crescido no Piauí.
“Quando um preso vai morrer, ele passa por uma avaliação de todos os presos da cadeia”, comentou Kleiton Holanda. “Só quem não fica sabendo é a administração”. Segundo ele, os homicídios são proibidos pelos próprios presos dentro da penitenciária, que só podem matar um rival depois da avaliação. “Ele passa por uma espécie de julgamento: é, como chamam, um ‘Tribunal do Crime’”, disse.
Edição: Nayara FelizardoPor: Andrê Nascimento