O juiz Luiz Moura Correia, da Central de Inquéritos da Comarca de Teresina, decretou a prisão de 15 policiais militares considerados líderes do movimento "Polícia Legal", deflagrado no último sábado, 28 de novembro.
O coronel Carlos Augusto Gomes de Souza, comandante geral da Polícia Militar do Piauí, confirmou a informação por volta das 16h30 desta quarta-feira, mas preferiu não detalhar quantos nem quais PMs tiveram a prisão decretada.
De acordo com o comandante, a decisão judicial está com a Corregedoria da Polícia Militar, cujas equipes iniciaram ainda na tarde desta quarta-feira as diligências destinadas a localizar os policiais militares que devem ser presos.
"A Corregedoria está à procura desses policiais, que serão notificados para se apresentarem em até 24 horas ao órgão", afirma Carlos Augusto.
O coronel considera que o movimento Polícia Legal é injustificado, pois, segundo ele, todas as demandas apresentadas pela categoria este ano estão sendo atendidas pelo Governo do Estado. "As reivindicações são justas. Nós, policiais militares, merecemos melhores condições de trabalho. Porém, eu considero esse movimento inoportuno e extemporâneo", afirma o coronel.
No início da noite, o coronel George Afonso Félix de Carvalho, corregedor da PM-PI, informou que apenas um dos 15 policiais cujas prisões foram decretadas havia se apresentado.
De acordo com o coronel, os PMs são acusados de uma série de crimes, como injúria, calúnia, difamação, desobediência e motim.
Os representantes do movimento "Polícia Legal" consideraram as prisões "arbitrárias" e classificaram as acusações como "infundadas".
O corregedor da Polícia Militar do Piauí, George Afonso Félix de Carvalho (Foto: Jailson Soares / O DIA)
Em um ano, Maranhão convocou equivalente a todo o efetivo de policiais do Piauí
Além de exigir melhores salários para a categoria, o movimento "Polícia Legal" foi deflagrado para denunciar casos de abuso de poder, perseguição e autoritarismo dentro da corporação.
Os manifestantes também exigem uma política de promoções mais justa, que não seja orientada por critérios políticos.
Policiais militares que participaram do ato realizado na tarde desta quarta-feira ainda exigiram a convocação imediata de mais aprovados no concurso da PM-PI, bem como a realização de novos certames.
Um dos PMs, que pediu para ter a identidade mantida em sigilo, afirmou que as convocações feitas pelo Governo do Piauí beiram o ridículo, se comparadas com os chamamentos realizados pelo Governo do Maranhão.
Enquanto no Piauí estão sendo convocados apenas 333 homens - em fevereiro (167) e em dezembro (166) do próximo ano; no Maranhão já foram chamados 3.200 policiais militares, e outros 1.300 serão convocados em 2016. Ou seja, o Governo Flávio Dino (PCdoB) terá convocado 13,5 vezes mais PMs que o Governo Wellington Dias (PT), isto se o cronograma de convocações realmente for cumprido no Piauí.
"Até o próximo ano, o Governo do Maranhão terá convocado 4.500 PMs, o equivalente a todo o efetivo da Polícia Militar do Piauí. Isso é uma vergonha! Para que o nosso Estado tenha uma quantidade satisfatória de PMs nas ruas precisaria convocar pelo menos mil homens por ano até 2020", indigna-se o PM.
Os policiais também denunciam que a divisão dos 333 convocados em duas turmas de formação é desnecessária, e pode ser uma brecha para o desvio de recursos públicos da PM-PI.
Protesto
Os policiais militares que aderiram ao movimento "Polícia Legal" realizaram a partir das 17 horas desta quarta-feira uma passeada em protesto às condições de trabalho da categoria.
O ato contou com a participação de PMs e de bombeiros militares do Piauí, que fizeram uma caminhada do Tribunal de Justiça do Estado até a Igreja São Benedito, passando pela Avenida Frei Serafim.
A passeada foi chamada pelos manifestantes de "cortejo fúnebre". Durante a manifestação, os policiais carregaram dez caixões, que representam os PMs mortos em serviço.
Policiais militares realizaram ato em frente ao Palácio de Karnak para protestar contra baixos salários, efetivo reduzido, falta de segurança, política de promoções injusta, perseguições e outros problemas que, segundo eles, ocorrem dentro da corporação (Foto: Jailson Soares / O DIA)