"Absolutamente convencido" de que Lula é o "plano A do povo brasileiro" e único nome com "condições de ganhar a eleição", o PT trabalhará para evitar a fratura no campo de centro-esquerda. E o caminho é "dialogar com companheiros" que ventilam candidaturas paralelas, como PSOL (Guilherme Boulos), PC do B (Manuela D'ávila) e PDT (Ciro Gomes). Movimentos como a Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo também serão procurados.
"É muito mais fácil convencê-los disso do que de qualquer outra coisa", disse Alexandre Padilha, vice-presidente do partido, em reunião do Diretório Nacional da legenda neste sábado (16), num hotel na região central paulistana.
O ex-presidente Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
No encontro, a sigla aprovou uma resolução para apoiar a candidatura de Lula independentemente do resultado de 24 de janeiro, dia do julgamento do recurso apresentado por Lula no caso do tríplex do Guarujá.
Da CUT ao MTST de Boulos, vários grupos de esquerda combinam um acampamento em frente ao tribunal, num desagravo ao réu.
O ex-presidente passou pelo hotel onde a cúpula petista se encontrou, e por lá participou de reuniões paralelas para discutir políticas para alianças regionais. Segundo Padilha, elas serão analisadas "caso a caso" e submetidas à "lógica nacional".
Na prática, significa dizer que, "para eleger a maior bancada possível [no Congresso], o PT pode se aliar a legendas hoje êmulas no campo federal, como o PMDB de Michel Temer, a quem petistas chamam de "golpista". "Mas as dinâmicas regionais têm que ser devidamente acompanhadas pela Executiva [da sigla], fazendo a esperança vencer o ódio."
A reportagem apurou que alas mais à esquerda do partido defenderam restringir as alianças àqueles que não foram favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff. Mas a cúpula decidiu não fechar questão, ao menos por ora.
Por apoio a Lula, o PT pode se unir a algozes que selaram a destituição de Dilma, como o jornal mostrou em outubro. O partido abriria mão de lançar candidatos a governador em até 16 Estados em 2018 para apoiar nomes de outras legendas. Em troca, os petistas querem espaço em palanques regionais fortes para sua chapa presidencial.
Há dúvidas, em outros partidos de centro-esquerda e nos bastidores de setores petistas, de que Lula consiga concorrer, já que seu futuro político depende de uma decisão a ser tomada pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região no dia 24 de janeiro.
É quando os desembargadores da corte porto-alegrense votarão os recursos que a defesa do petista apresentou para recorrer da condenação de Lula a nove anos e meio de prisão na Lava Jato.
Há vários quadros possíveis, da absolvição a uma campanha em 2018 com liminares e novos recursos.
Fonte: FolhapressPor: Anna Virginia Balloussier