Criar um animal de estimação gera sentimento de apego e afeição. Diante disso, quando um deles sofre com alguma doença ou precisa se submeter a procedimentos médicos, é sempre muito delicado, pois o medo de perder o animal é presente. Para quem deseja cuidar dos bichos e precisa encaminhá-los para um hospital ou clínica, existe a opção do Hospital Universitário Veterinário (HUV) que atende cerca de 6 mil animais por ano.
Fotos: Jailson Soares/ODIA
Mesmo com os números altos de
atendimentos mensais, eles nem sempre são satisfatórios. Quem busca uma
consulta no HUV relata que a espera é cansativa e o comparativo com o
atendimento do Sistema Único de Saúde é inevitável. “A situação lá é um caos, é
igual ou pior que a fila do SUS para esperar atendimento. Eu passei cerca de 5h
lá para conseguir atendimento para a minha gata. A gente fica lá rodando e indo
a vários setores chegar à consulta de fato”, conta Patrícia Moura, que buscou
atendimento para seu animal de estimação.
A constatação de Patrícia é semelhante à de outras pessoas que aguardam atendimento para os bichos no HUV. “Eu aguardo há três horas atendimento para a minha gata aqui”, conta Djenane Carvalho.
A opção de Djenane para buscar atendimento junto ao hospital é devido aos preços serem mais baratos. “Eu tenho quatro animais e sempre tenho que levá-los ao veterinário por conta de algum problema. Ficava muito caro e agora eu resolvi trazer aqui no HUV, mas o atendimento demora demais”, relata.
De acordo com o Diretor do HUV, João Macedo, a demora no atendimento é devido ao número de procedimentos que são realizados. “Nós somos um hospital-escola e prezamos pela qualidade, e isso faz com que demore. Aqui os animais passam por todos os procedimentos que precisam imediatamente após a consulta e isso demanda tempo”, relata.
Os donos e bichos aguardam atendimento na sala de espera. Cachorros e gatos ficam no mesmo ambiente, podendo causar estranhamento entre eles. “Na sala de espera todos os animais ficam juntos, independente do problema e da espécie. Gatos ficam misturados com cachorros e isso é um risco tanto para os animais como para os donos que ficam lá”, conta Patrícia.
João Macedo comenta que o hospital não tem estrutura para separar os animais por espécie. “Tudo depende do orçamento que é enviado e sempre é burocrático porque estamos tratando de uma instituição pública, mas existe o desejo de serem criados espaços adequados para cada espécie de animal de pequeno porte na sala de espera”, diz o diretor do HUV.
O Hospital Universitário Veterinário funciona 24 horas por dia e pessoas de outros estados buscam atendimento para os animais. A média é de 18 atendimentos diários e cerca de 35 procedimentos médicos realizados. “Existem muitos atendimentos emergenciais que devem ser prioritários e isso, às vezes, faz com que haja demora nos outros atendimentos. Claro que se a pessoa fizer o agendamento já facilita bastante”, comenta João Macedo.
O Hospital conta com 139 boxes para a internação dos animais de pequeno porte e 25 espaços para animais de grande porte. Quatro consultórios são utilizados para atendimentos. Os principais procedimentos realizado no HUV são consultas, cirurgias, internação, exames laboratoriais, necropsia e exames de radiografia. “Os atendimentos são pagos, mas a taxa é mínima cerca de R$ 15 reais o valor da consulta. Somos um dos únicos hospitais públicos do país destinado para animais. A demanda é muito grande”, comenta João.
Número de hospitais veterinários no Brasil é insuficiente
A procura por atendimento médico para animais deixa os hospitais e clínicas lotados, causando desconforto para quem espera atendimento por horas. Não existem políticas públicas para auxiliar o atendimento médico de animais. Segundo a vice-presidente do Conselho de Medicina Veterinária, Roseli Klein, o número de hospitais veterinários ainda é insuficiente.
“O que é preciso são políticas públicas para que existam condições para tratar os animais e fazer um controle de natalidade no Estado, porque existe uma superpopulação de animais nas cidades e, muitos deles, são abandonados por famílias que não tem condições de tratá-los e, assim, acabam deixando na rua”, comenta Roseli.
Ainda segundo a vice-presidente, a pretensão é sempre promover meios de defesa e proteção dos animais. “O HUV fornece esse atendimento para a comunidade por um valor muito simbólico e, mesmo assim, muita gente deixa de levar o animal para ser tratado. O número de hospitais é insuficiente e o que estamos querendo promover é a criação de um centro cirúrgico na APIPA, que é pra auxiliar no atendimento.”, finaliza.
Os índices de mortalidade no HUV são baixos, segundo o diretor do local, mas ainda existem casos de morte entre os animais. Os agendamentos das consultas são feitos por telefone e existe um monitoramento contínuo do animal por meio das equipes de plantão no local.
Cemitério de Animais “Cadelinha Sasha” abriga mais de 200 animais
Criado em 2009, o Cemitério de Animais ‘Cadelinha Sasha’é o primeiro do estado do Piauí. Hoje, são mais de 200 animais enterrados no local, que possui mil metros de área. O local público é o primeiro da América Latina a se dedicar exclusivamente ao enterro de cães e gatos.
Para enterrar o animal de pequeno porte no ‘Cadelinha Sasha’, o dono paga uma taxa de manutenção de R$ 80,00 para a construção das gavetas, onde eles são colocados para não contaminar o solo.
Sasha foi o primeiro animal a ser enterrada no local. A cadela recebia tratamento no Hospital Universitário Veterinário, quando faleceu ao contrair uma virose.
Edição: Nayara FelizardoPor: Paloma Vieira (estagiária)