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Defesa da vida dos animais é a bandeira do veganismo

Adeptos desse estilo de vida lembram que é possível ter uma boa alimentação sem prejudicar os animais

01/11/2017 08:37

Ética em defesa da vida dos animais: esta é uma das definições do veganismo, que consiste em uma forma de viver que busca o fim da exploração de animais para alimentação, vestuário ou qualquer outra finalidade. E hoje (1º) é celebrado o Dia Mundial do Veganismo, data em que muitos adeptos desse estilo de vida lembram que é possível ter uma alimentação saudável sem prejudicar os animais. 

Quem deseja iniciar o ano de 2018 sem nada de origem animal no cardápio é a bailarina Gislaine Lima, que passa pelo processo de transição do vegetarianismo para o veganismo desde o mês de abril. A vontade de excluir carne do cardápio começou ainda criança, especialmente por ser amante dos animais. 

Cardápios veganos ganham espaço no paladar dos teresinenses (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

“Fui pesquisar como era o processo da carne até a gente ter na mesa e vi o quanto eles sofrem, tanto a galinha, que são criadas com luzes acesas pra não dormirem e se desenvolverem mais rápido, até à vaca que é extremamente mal tratada, principalmente por conta do leite que produz”, conta Gislaine. 

A recomendação de parar de comer carne vermelha e branca de uma vez foi de um nutricionista. Atualmente, a alimentação da jovem de 21 anos consiste em comer soja e ervilha, caprichar na salada e frutas para não sentir falta da carne. Segundo ela, a maior dificuldade é comer fora de casa por conta da falta de restaurantes exclusivamente vegetarianos e veganos. 

“Eu mesma faço minha comida. Tento ao máximo caprichar na salada e frutas pra não sentir falta da carne. Quando sinto mais falta, eu faço alguma coisa com soja, risoto, macarronada, coisas do tipo. Já para comer fora de casa é mais difícil, só temos um restaurante 100% vegano e, nos outros lugares, normalmente as pessoas entendem que só precisa ter salada”, enfatiza. 

Corpo muda desde a decisão de mudar de hábitos 

Segundo a nutricionista Tamara Meirelles, especialista em vegetarianismo e veganismo, o corpo passa por mudanças logo nas primeiras semanas após a decisão de excluir a carne do cardápio, uma vez que esse alimento ocupa um espaço no estômago e é por isso que, nas primeiras refeições, é comum sentir que está “faltando algo”.

A nutricionista Tamara indica como iniciar dieta vegana (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

Ela explica que o visual do prato também conta na hora de comer, porque as pessoas estão acostumadas em ter a carne como principal e arroz e feijão como acompanhamentos. O ideal, nos primeiros dias, é implementar carne de soja ou alimentos parecidos para acostumar. “Nosso corpo não digere músculo, um ácido fica tentando digerir, mas não digere. Por isso que dá cansaço depois que come”, informa. 

Tamara pontua que existem diversos mitos acerca do veganismo, entre eles, que existe deficiência proteica, falta de proteínas e ausência de cálcio na alimentação. Além disso, entre os benefícios, vegetarianos e veganos adquirem mais energia e possuem ficam com a imunidade elevada contra doenças, por conta da alimentação baseada em fibras e antioxidantes. 

 Alerta 

No entanto, a nutricionista alerta que ser vegano não significa ser saudável, porque, hoje em dia, existem muitos alimentos industrializados que são 100% vegetais, mas que possuem grande quantidade conservantes. “Um prato vegetariano e vegano ideal precisa ter leguminosas, cereais, vegetais verde escuro, oleaginosas e frutas. É muito difícil continuar sendo vegetariano se pular pro vegano. Quando vira vegano, a pessoa absorve a coisa da ética animal, passa a ser algo da sua cabeça, e aí você raramente volta”, conta. 

Restaurantes apostam em cardápios especiais 

O chefe de cozinha Vitor Moreira, vegano há cinco anos, decidiu abrir, há seis meses, o primeiro restaurante vegetariano e vegano do Piauí, localizado no Centro de Teresina. No local, são comercializados almoço e lanches. Em relação ao almoço, todos os dias, têm opções de pratos principais e acompanhamentos e os preços variam entre R$ 17 e R$ 22, de acordo com a escolha do cliente e tudo feito com produtos que não agridem os animais. 

Já os lanches são salgadinhos, sanduíches, bolos, tortas e pães e, segundo Vitor, o mais procurado são os hambúrgueres vegetais, feitos de soja, ervilha, lentilha, quinoa ou grão de bico. O proprietário informa que o restaurante foca nas leguminosas, que são alimentos com mais fonte de proteína. 

Vitor Moreira está apostando no segmento há seis meses (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

Vitor pontua que a preocupação das pessoas com um estilo de vida mais saudável fez com que os restaurantes mudassem seus cardápios. “Na realidade, eu enxergo que os restaurantes não se importam com isso, quem se importam são as pessoas e elas estão procurando por alimentos mais saudáveis”, conta. 

Se engana quem pensa que veganos não comem sushi, pizza ou um hambúrguer. Gabriel Nolêto, chef de cozinha, vende uma variedade de alimentos veganos e, entre eles, os citados acima, além de coxinha, kibe, lasanhas e doces. Gabriel busca diminuir ao máximo os impactos ambientais e não usar alimentos transgênicos e fonte de origem 100% natural. 

Segundo ele, a necessidade surgiu quando percebeu a pouca quantidade de locais voltados para alimentação vegana, especialmente no local onde estudava e, por isso, passou a produzir e vender. São carnes feitas de caju, cajá, casca de banana, soja e até feijoada vegana; segundo Gabriel, o forte também são os temperos feitos por ele próprio. 

“Alimentação vegana tende a ser mais rica e mais saudável. A carne é fonte rica apenas de proteína, enquanto tem gorduras ruins. Na alimentação vegana, você encontra feijão, lentilha, ervilha e ao mesmo tempo é rica em outra série de nutrientes. Você busca uma série de outras opções, você não se acostuma a comer só carne e outros acompanhamentos”, conclui.

Edição: Virgiane Passos
Por: Letícia Santos
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