A cidade de Maceió (AL) está vivendo momentos de tensão devido ao risco iminente de colapso na mina 18, operada pela petroquímica Braskem. Localizada no bairro Mutange às margens da Lagoa Mundaú, a área corre o risco de ceder a qualquer momento. A situação, que se tornou crítica, levou a população a desocupar suas casas.
De acordo com a Defesa Civil do Estado, nas últimas 24 horas, o afundamento da área foi de 10,8 cm. Desde terça-feira (28), a mina 18 acumula 1,69 metros de afundamento. Dados divulgados neste domingo (3) mostram que a movimentação do solo continua em 0,7 centímetros por hora.
Apenas em novembro, foram registrados cinco abalos sísmicos na região. Autoridades alertam para possíveis consequências, incluindo a formação de grandes crateras na área e um efeito cascata que poderia afetar outras minas.
O coordenador-geral da Defesa Civil de Maceió, coronel Moisés Melo, destacou que "grande parte da cidade irá sentir" os efeitos, incluindo possíveis interrupções nos serviços essenciais, como abastecimento de água, fornecimento de energia e gás.
Para o prefeito da cidade, João Henrique Caldas, o JHC (PL), a situação é "a maior tragédia urbana do mundo". Em virtude do risco, o governo federal declarou estado de emergência em Maceió na última sexta-feira (1º).
Medidas de emergência
Com o risco iminente, a prefeitura de Maceió implementou um gabinete de crise e iniciou a evacuação de moradores em áreas de risco. Medidas de acolhimento foram estabelecidas em escolas municipais, com a distribuição de kits dormitórios, higiene, limpeza pessoal, cestas básicas e água.
A Defesa Civil emitiu alertas por SMS aos moradores do bairro Mutange ao longo da semana, orientando evacuações imediatas. O governo de Alagoas também divulgou medidas de segurança nas redes sociais para a população, visando o período atual e pós-colapso.
A situação está sendo monitorada em tempo real e existe a possibilidade de ampliação das áreas classificadas como de risco iminente. Diante do fato, a Braskem reconhece o risco de um grande desabamento, mas também menciona a possibilidade de estabilização.
Exploração inadequada
Segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a instabilidade do solo é atribuída à atividade de mineração da Braskem em 35 minas na região. Em entrevista à imprensa, o prefeito JHC ressaltou que, de 1970 a 2019, a empresa realizou uma “exploração predatória e inadequada” de sal-gema, utilizado na indústria química para a fabricação de soda cáustica e PVC.
Desde então, quase 60 mil pessoas foram deslocadas devido aos tremores de terra, resultando em rachaduras nos imóveis e transformando bairros antes movimentados em áreas desertas.
O risco iminente de colapso da mina 18, levou à retirada de famílias e à criação de uma atmosfera de alerta entre os moradores que permanecem em áreas ainda não evacuadas.
Impacto na comunidade
Vias que costumavam ser movimentadas agora estão vazias. Casas, hospitais, lojas e pequenos comércios fecharam as portas. Bairros desapareceram. Essa é a situação no bairro Mutange, impactado pelo perigo de colapso na mina 18. A exploração transformou áreas antes cheias de vida em espaços praticamente abandonados.
A vegetação cresce tanto do lado de fora quanto dentro das casas, que mostram sinais de desgaste. Os muros exibem números em vermelho, indicando os registros de desocupação.
Algumas fachadas têm pichações, seja como protesto contra a Braskem e as autoridades, ou como expressão de tristeza e lamento daqueles que tiveram que deixar para trás o lugar que amavam.