“Estudos realizados nos Estados Unidos revelaram que, a cada um ataque à escola, são desencadeados outros três por efeito contágio. Para o criminoso, é como se essa divulgação fosse um troféu, ele se sente empoderado por estar em destaque na mídia. Nos EUA, ano letivo de 2021 e 2022, foi registrado o maior número de tiroteio em escolas. Nos últimos 10 anos, foram registrados 193 incidentes envolvendo armas de fogo, mas grande parte não foi divulgado. Lá é onde tem os maiores registros de ataques e massacres, mas eles realmente não divulgam”, cita.
Estudiosos e a própria imprensa tem alertado sobre a divulgação de imagens, vídeos e outras informações relacionadas a atentados contra escolas e universidades, que podem ajudar e contribuir para novos casos. Segundo a psicopedagoga Andreia Bandeira, noticiar esses crimes podem desencadear novos ataques, uma vez que os criminosos buscam por visibilidade.
O efeito contágio consiste na proximidade entre ataques e incidentes que geralmente ocorrem em aglomerados e tendem a ser multiplicados, podendo ser impulsionados devido à cobertura intensa da mídia. Esse fenômeno vem sendo estudado em diferentes universidades nos Estados Unidos.
Uso de telas por crianças deve ser controlado pelos responsáveis
O Brasil tem sofrido com uma recente onda de ataques a escolas, desencadeando sentimentos de medo e insegurança nas crianças, pais e educação, e destravando um temor que até então não existia, uma vez que o ambiente escolar sempre foi visto como um lugar de acolhimento. Muitos desses ataques foram cometidos por pessoas que propagam discursos de ódio e estão imersas à violência e outros conteúdos consumidos na internet.
As crianças são nativas digitais e já nascem sabendo mexer em eletrônicos, porém, especialistas alertam que, até os dois anos, os pais devem evitar o uso total de tela pelas crianças, e esse controle deve ser mantido até os 7 anos. A profissional lembra também que acompanhar o que os filhos acessam e recebem pela internet é um aliado na construção e formação da criança e do adolescente.
E é exatamente por isso que a psicopedagoga Andreia Bandeira chama atenção dos pais para o uso excessivo de telas e da internet por crianças e adolescentes. Ao reduzir o acesso a esses conteúdos violentos, as chances de minimizar esses impactos negativos reduzem.
“Se antes os cuidados com as crianças eram com relação a estranhos nas ruas, hoje, o perigo está dentro de casa, às vezes na palma da nossa mão. Às vezes, a gente diz que nossos filhos estão seguros porque estão sempre dentro de casa, mas ele está fazendo o quê? Conversando com quem? Qual o conteúdo ele está consumindo na internet? São perguntas que temos que nos fazer todos os dias”, alerta.
“A gente sabe que é inevitável não colocar um desenho para elas, mas podemos reduzir esse tempo e controlar o máximo possível. É uma missão difícil, mas precisamos tentar. Sobre WhatsApp, por exemplo, as crianças não têm entendimento para usar, e nós sabemos que muitas pessoas usam isso para fazer o mal, que sequestra, que faz pornografia com criança pequena, então precisamos viver neste mundo sabendo que essas pessoas existem e que precisamos nos prevenir delas”, reforça Andreia Bandeira.