Imagine você estar se sentindo bem e, de repente, ser atacado por uma dor profunda em alguma parte do seu corpo. Essa é a realidade das mais de 2 milhões de pessoas que enfrentam diariamente os desafios impostos pela fibromialgia, uma condição que se caracteriza por dores crônicas e generalizadas em pontos específicos da musculatura.
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“Esse é um problema prevalente especialmente no sexo feminino, e pode acometer até 2,5% da população brasileira. É preciso destacar que a fibromialgia não é uma doença, mas uma síndrome de dor crônica, que pode acontecer em membros inferiores, superiores ou na coluna”, explica a reumatologista Ângela Freitas.
A síndrome, que muitas vezes não tem uma causa prioritariamente dita, está diretamente relacionada aos distúrbios do humor, uma vez que 30% dos pacientes diagnosticados com o problema têm depressão ou ansiedade. “Sabemos que há fatores genéticos que influenciam, além de disfunções hormonais. Com a condição, existe um processamento anormal da dor no sistema nervoso central. Além disso, pacientes que têm depressão ou ansiedade têm maiores riscos de ter dores musculares”, afirma a doutora.
Quem convive com a condição crônica há sete anos é a cabeleireira e empreendedora Jamila Ribeiro, de 49 anos. Ao Jornal O DIA, ela conta que foi diagnosticada em 2016 e que, desde então, enfrentou diversos outros problemas, como a depressão. “Além das dores crônicas, cheguei a ter ansiedade e síndrome do pânico. Eu fiquei sabendo que tinha esse problema quando estava enfrentando uma crise de dor e fui fazer acupuntura. Lá, fui diagnosticada”, lembra.
Geralmente, o diagnóstico de fibromialgia acontece quando o paciente apresenta uma dor difusa que prevalece por mais de três meses. Além da dor, o médico especialista avalia outros sintomas, como fadiga, distúrbios do sono e alterações cognitivas, que também devem ser persistentes.
Para controlar as dores que aparecem abruptamente, Jamila Ribeiro utiliza medicações farmacológicas. De acordo com a reumatologista Ângela Freitas, essa é uma das maneiras de tratar o problema. No entanto, a realização de atividades físicas e uma alimentação balanceada são essenciais para o controle diário das dores.
“Costumo dizer que os remédios não irão resolver todos os problemas. Já o tratamento não farmacológico é o pilar do tratamento, pois envolve outros profissionais, como o fisioterapeuta, que atua nas dores durante as crises. Além disso, exercícios físicos devem ser realizados no mínimo três vezes por semana, o que vai ajudar na resistência e dor que o paciente sente“, destaca.
Além de não ser possível definir uma causa específica para a fibromialgia (quando não se trata de hereditariedade), também não é possível prevenir ou controlar os possíveis fatores de risco. Todavia, manter uma rotina de atividades físicas, como aeróbico ou musculação, é importante para evitar qualquer tipo de doença.
“É preciso que as pessoas também evitem ficar muito tempo na mesma postura e realizar movimentos repetitivos em excesso. É importante também realizar pausas a cada hora. E, claro, cuidar da saúde mental, ter lazer e fazer algo que alivie o estresse emocional”, enfatiza a doutora.
Por ser uma condição crônica, a fibromialgia não tem cura. Mesmo que o paciente continue tratando o problema, momentos de crise e recaídas podem acontecer durante o processo. “Buscamos deixar o paciente tranquilo de que ele não tem uma doença. Nós tratamos a dor e orientamos a pessoa acometida. O controle do problema não é 100%, mas conseguimos resolver parcialmente para que essa pessoa possa viver de forma mais normal possivel”, finaliza a Dra. Ângela Freitas.