O governo federal tem números positivos para mostrar nas mais diversas áreas da gestão. Mas a popularidade do presidente Lula vive em sinal de alerta e a verdade é que ele nunca alcançou os índices de simpatia com o eleitorado no mesmo nível dos seus dois primeiros governos, de 2003 a 2010. Quando isso ocorre, independentemente da gestão, a culpa sempre cai na comunicação. Sempre foi assim, e assim sempre será.
No que pese a gestão de Paulo Pimenta realmente ter erros na condução de temas relevantes, é preciso reconhecer que a “esquerda” nunca dominou a linguagem das redes sociais. No digital, a esquerda é analógica. O governo tem dificuldade de compreender que a carteira assinada, por exemplo, não é mais o sonho de consumo dos jovens, que hoje estão mais conectados com a “sensação do empreendedorismo”. O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fala como se estivesse dando aulas na Universidade de São Paulo. O problema não é conteúdo, é a forma.
O próximo gestor da comunicação do governo federal será Sidônio Palmeira, publicitário, o marqueteiro da vitoriosa campanha de Lula em 2022. Ao fazer isso, Lula deixa bem claro que já está com o olhar voltado para 2026. Para resolver os problemas de popularidade, ele quer um marqueteiro – que naturalmente inclui nos cálculos de qualquer ação o resultado eleitoral.
Sidônio já atuava como consultor do governo federal, agora como ministro fica na linha de frente das críticas, que certamente vão aparecer. O governo Lula 3 precisa transformar números positivos da microeconomia em popularidade, e como principal desafio tem que enfrentar a polarização política, que garante aos adversários de Lula percentuais consideráveis de votação.
Em 2022, sem a máquina e contra um Bolsonaro estruturado, Sidônio soube conduzir a imagem de Lula para a vitória. Já em relação a 2026, apesar de estar no comando da máquina pública, o atual presidente precisa claramente ser levado a um patamar melhor de popularidade para ter uma eleição segura.