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Os desafios dos realizadores audiovisuais em fazer cinema no Piauí

O Dia do Cinema Brasileiro é duplamente comemorado e marca duas importantes datas para a história cinematográfica do país. No dia 05 de novembro de 1986, no Rio de Janeiro, foram projetados oito pequenos filmes, de cerca de um minuto cada, para a elite carioca, na Rua do Ouvidor. Dois anos depois, em 19 de novembro de 1898, o ítalo-brasileiro Afonso Segreto registrou as primeiras imagens em movimento no Brasil, filmando a Baía de Guanabara, enquanto estava a bordo do navio Brésil. Essa filmagem ficou conhecida como “Os Beijos” e é considerada o marco inicial do cinema no Brasil.

Algumas produções marcantes contribuíram significativamente para o cenário cinematográfico mundial, ganhando destaque em festivais internacionais e conquistando o reconhecimento no exterior. Filmes como “Central do Brasil”, “Cidade de Deus”, “Tropa de Elite” e “O Auto da Compadecida” são exemplos de sucessos do cinema brasileiro que fazem parte da história dos brasileiros.

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Weslley Oliveira é realizador audiovisual e trabalha com cinema desde 2014, quando entrou na Universidade

Fazer cinema é uma arte, que exige não apenas um olhar diferenciado e sensibilidade, mas dedicação e muito estudo. O primeiro contato de Weslley Oliveira com o cinema começou ainda em 2014, quando ingressou no curso de Comunicação Social, na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Uma área interessante para atual e com mercado para os profissionais, mas que exigia dedicação e qualificação. O realizador audiovisual relembrou um pouco de sua trajetória e as produções que já realizou ao longo de uma década trabalhando com cinema.

“Busquei cursos que foram surgindo na época, depois formamos o Labcine, no qual realizamos curtas, dentro e fora das universidades, mesmo sem ter um cenário propício. Era algo colaborativo e cada um cedia o que tinha, uma câmera, um microfone, uma lente, e íamos realizando juntos. Ao todo, realizamos mais de 20 curtas-metragens e um longa, tudo com colaboração e sem financiamento”, relembra.

Em 2019, foi fundada a produtora Labcine Filmes, sendo, atualmente, Weslley e Milena Rocha membros sócios. Juntos, já realizaram diversos trabalhos para fundações, streaming, entre outras plataformas, além de terem conquistado premiações e seleções em festivais importantes nacionalmente, com produções exibidas na Argentina, na Índia, na Inglaterra, entre outros países.

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Imagens do filme 'Caldeirão', gravado em Piripiri, com lançamento marcado para 2025

Weslley Oliveira comenta que o cinema no Piauí tem vivido um momento positivo e de crescimento, apesar das oscilações ao longo dos anos. Grandes nomes se destacaram nesses mais de 50 anos do cinema piauiense, através do circuito de super oito em que Torquato Neto, Durvalino, Arnaldo Albuquerque, entre outros, eram protagonistas. Nos anos de 1980 surgiu o coletivo Mel de Abelha, com Dacia Ibiapina e Valderi. A partir dos anos 2000 novos nomes integram esse cenário, como Alan Sampaio, Cícero Filho, Monteiro Júnior, Douglas Machado e tantos outros.

“A gente vive esse momento de pouco incentivo, obviamente desde o início, pessoas tentando fazer e realizando como podem, mas de uns anos para cá temos vivido um momento de destaque. Ainda são poucas as produções, vivemos um cenário que não tem um mercado propriamente dito, já que as pessoas não vivem só de cinema, não temos janelas de exibição pública, cinemas de arte e de rua, apenas os de shopping, que são restritos ao circuito comercial. Mas temos realizadores, alguns até não atuam mais no Piauí, mas que tem filmes em destaque e acabam entrando nesse circuito nacional e sendo exibidos Brasil afora”, comenta o realizador audiovisual.

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Imagens do filme 'Caldeirão', gravado em Piripiri, com lançamento marcado para 2025

Os desafios do cinema piauiense ainda são inúmeros, especialmente na distribuição das produções, obrigando os realizadores a buscarem alternativas para levar seus filmes cada vez mais longe. Alguns optam por morar em outros estados, o que acaba contribuindo nessa etapa de distribuição. O resultado são premiações em festivais e seleções para projetos, laboratórios, entre outros.

“No Piauí, por exemplo, as pessoas fazem o filme e precisam distribuir, então isso acaba dificultando o acesso às janelas de exibição. Mas as pessoas se reinventam e, por mais que o cenário não ajude, a presença em festivais já é um grande passo, porque ajuda a estabelecer conexão com outros realizadores, com outros parecidos. Essa troca é muito rica”, cita Weslley Oliveira.

Para mudar esse cenário, o realizador audiovisual ressalta a importância de mais incentivo por parte do poder público, por meio de investimento, e da própria população. “Os realizadores vêm provocando essa repercussão, mostrando que existem talentos e muitas histórias a serem contadas, mas precisamos de reconhecimento por meio de políticas públicas, e um fortalecimento desse mercado, que as produtoras possam crescer e se especializar cada vez mais. E que tenhamos janela de exibição, como salas de cinema nas periferias, no centro, no interior do estado para podermos fazer essa circulação”, conclui o realizador audiovisual.

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Muitas produções piauienses já foram premiadas em festivais nacionais e internacionais

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