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Convivência com pais reduz estereotipias em crianças autistas, diz pesquisa

O doutorando em Ciências Farmacêuticas, Renandro de Carvalho Reis, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), desenvolveu um projeto de doutorado que associa a presença dos pais à redução de estereotipias em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O trabalho foi publicado na revista internacional “Medicina”, e marca o estudo como a primeira pesquisa piauiense com a temática do espectro autista a ser publicada em uma revista estrangeira.

Com o título “Suporte Parental Associado com a Redução de Estereotipias em Crianças com Transtorno do Espectro do Autismo”, a pesquisa selecionou 51 pacientes com transtorno do espectro autista, sendo 3 deles do nível 3 e os demais de tipo leve e moderado. Quem explica é o autor da pesquisa, doutorando Renandro de Carvalho.

Divulgação
Doutorando em Ciências Farmacêuticas da UFPI, Renandro de Carvalho

“Aplicamos três escalas: uma para avaliar a apatia, outra para avaliar o comportamento social e estimulado estereotipado, e uma terceira para avaliar os medicamentos que os pacientes estavam tomando”, disse.

Além disso, foi utilizado também o Inventário de Comportamentos Sexuais da Criança (CSBI) e o questionário de ansiedade de Beck. Foram observadas variáveis sociais e o impacto do suporte de ambos os pais para o desenvolvimento social dos filhos com TEA.

Segundo as informações, o estudo clínico se baseou em dois métodos de investigação. O primeiro foi um estudo observacional sobre apatia e interação social entre crianças com TEA. O estudo ocorreu em um centro de reabilitação em uma cidade do nordeste brasileiro utilizando questionário de apatia e questionário Social Communication Questionnaire (SQC), além de um sociodemográfico. O segundo estudo foi uma intervenção com crianças e adolescentes que tinham sintomas de comportamentos sexuais aberrantes de hipermasturbação.

Assis Fernandes/ODIA
Pesquisa da UFPI associa a convivência com pais na redução de estereotipias em crianças autistas

Em nossa pesquisa pudemos observar aspectos comportamentais de crianças com TEA. Encontramos que crianças que cresciam sem a presença de ambos os pais possuíam um maior escore de comportamentos estereotipados

Renandro de CarvalhoDoutorando em Ciências Farmacêuticas da UFPI

Diante disso, o estudo comprovou que as crianças que não possuíam a presença dos pais casados apresentavam uma maior média de comportamentos estereotipados quando comparadas àquelas que possuíam pais casados.

A pesquisa também foi uma colaboração de Renandro com duas alunas da orientação de TCC. O orientador do doutorando e médico, prof. Kelson James, defende que a parceria é um modelo que rende frutos e aumenta a troca de conhecimento. Além disso, ele destaca que o estudo pode ganhar robustez para o desenvolvimento de mais pesquisas sobre o assunto.

“No Brasil, não temos um número exato de habitantes que são TEA, o que existe são estimativas. Acreditamos que essa pesquisa é importante por ser a primeira publicação internacional sobre o tema no Piauí. Com mais pesquisas, poderemos entender melhor o transtorno e, com isso, desenvolver ferramentas e tratamentos para ajudar a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas e de suas famílias”,

Estima-se que no Brasil, pelo menos 2 milhões de habitantes possuam o espectro autista. Mesmo que seja uma condição que tenha se tornado relevante e bastante discutida no âmbito da educação e saúde, ainda há muita falta de conhecimento a respeito do TEA.

O que são as estereotipias

Estereotipias são movimentos repetitivos bem comuns em pessoas com autismo. Normalmente, elas acontecem quando a pessoa recebe muitos estímulos ao mesmo tempo e precisa de ajuda para controlá-los e lidar com determinada situação.

Dentre algumas das estereotipias que podem fazer parte da vida da pessoa com autismo podemos destacar: a agitação das mãos; balançar o corpo; bater os pés; girar objetos ou o próprio corpo; repetir sons e entre outros.