Os números registrados de intolerância religiosa no Piauí têm aumentado consideravelmente, os dados levantados pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP/PI) apontam que de janeiro a junho deste ano, foram registrados sete casos de crime com motivação de intolerância religiosa, isto é, apenas quatro casos a menos do número registrado no ano passado.
Um dos casos que chamou a atenção em Teresina, foi a depredação sofrida pela vidraça que protegia a imagem de Iemanjá, localizada na Avenida Marechal Castelo Branco, ocorrida no dia 8 de junho deste ano. Os líderes de movimentos dos povos de Matriz Africana destacam que, até o momento, ninguém foi punido pela violência.
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De acordo com Pai Rondinele de Oxum, representante do Piauí da Articulação Nacional dos Povos de Matriz Africana e Ameríndia (ANPMA), dos casos de intolerância religiosa acompanhados desde 2015, nenhum teve o inquérito solucionado.
“Hoje, o Piauí é o estado que mais violenta as comunidades tradicionais de matrizes africanas. Isso é um dado do próprio Ministério dos Direitos Humanos. Porque, muitas vezes, o que nos deixa mais inquietos é que os inquéritos nem chegam a ser feitos pelos agentes públicos, por mudar a tipificação do crime de intolerância religiosa, apontando apenas como briga de vizinhos. As pessoas acabam ligando para o Disque Direitos Humanos e fazem a denúncia diretamente, sem o atendimento adequado pela polícia local”, ressaltou.
Segundo o Pai Rondinele de Oxum, mesmo quando se há ameaças concretas, seguidas de ataques, o crime de intolerância religiosa não ganha o rigor da lei.
“Os ataques que tivemos contra a imagem de Iemanjá, é prova viva disso, nas redes sociais sofremos a ameaça e aquilo que disseram que iam fazer, fizeram. Pergunte se alguém foi responsabilizado? Não foi e nem vai ser! Quando é um ato que trata de outras denominações religiosas, a gente vê que os inquéritos são imediatos, os nossos não! É como se o nosso povo e a nossa tradição religiosa não fossem importantes”, desabafou.
Racismo Institucional e Religioso
Para o Pai Rondinele, representante da ANPMA, tem se apontado dois tipos de crime de intolerância: o racismo institucional, que acontece nas instituições públicas, afetando o andamento de processos; e o religioso, que buscam impedir, por meio de violências, práticas comuns das comunidades de matrizes africanas.
“Nós temos diversos projetos e ações de entidades e grupos, que não conseguem apoio. Mesmo com uma cota para as comunidades tradicionais, essa cota não é respeitada. Será se isso não é intolerância? O racismo institucional e religioso é muito forte no Piauí e no Brasil. Tão forte que somos desrespeitados. Na capital ao interior, a maioria dos agentes públicos não têm o devido preparo e nem capacitação necessária para saber o que é intolerância e nem saber lidar com as vítimas”, finalizou.
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