Na última década, o número de pessoas que se autodeclaram pretas apresentou crescimento no Piauí. Em um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde mil piauienses participaram da pesquisa, foi constatado que a quantidade de pretos saiu de 229 em 2012 para 355 em 2022, o que representa um aumento de 55%.
O sociólogo Kaire Aguiar. aponta que o fortalecimento dos movimentos sociais, que promovem a valorização da identidade racial e a luta contra o racismo, bem como as políticas públicas voltadas para a igualdade racial, podem ter impactado diretamente nesse aumento. “Nós vivemos um momento de crescimento das políticas públicas de afirmação para pessoas pretas. Ao longo dos últimos anos tivemos campanhas e leis aprovadas que trazem maior visibilidade às causas relacionadas ao movimento negro”, explica.
Atualmente, mais da metade da população brasileira é formada por pessoas negras. Em todo o Brasil, o aumento de homens e mulheres que se autodeclaram pretas nos últimos dez anos foi de aproximadamente 43%. De acordo com Kaire Aguiar, a representatividade dessas pessoas, especialmente na mídia, foi um dos fatores que mais contribuiu para o reconhecimento das múltiplas identidades e a valorização da cultura afro-brasileira.
“Essa maior visibilidade dentro da mídia possibilitou que a população pudesse se enxergar e se auto afirmar. Vivenciamos uma era que os negros estao nos jornais, na televisão, em espaços de decisão. Estão em lugares que possam realmente ser vistos e referenciados”, destaca o sociólogo.
Apesar dos avanços observados, ainda há desafios a serem enfrentados. A persistência de desigualdades sociais, econômicas e educacionais entre diferentes grupos étnico-raciais demanda ações contínuas para a promoção da equidade. “O aumento não significa que estejamos em um cenário onde não existe preconceito. Ele existe, mas agora as pessoas pretas podem se enxergar, desenvolver suas ideias e sua negritude. No entanto, não basta somente termos visibilidade, é necessário que se solucione problemas como o racismo”, acrescenta Kaire Aguiar.