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Setembro Amarelo: detecção de comportamentos e prevenção ao suicídio

Ao longo de todo o mês, o Jornal O DIA traz reportagens alusivas ao Setembro Amarelo. O mês chama atenção para o cuidado e prevenção ao suicídio, além de desmistificar alguns estigmas e comportamentos que permeiam as doenças psíquicas e os transtornos mentais, ainda considerados um tabu para a sociedade.

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Setembro amarelo

Segundo o psiquiatra Carlos Alexandre Melo, estudos revelam que até 98% dos casos de suicídio se devem a transtornos mentais. Ou seja, aquele indivíduo que está passando por uma doença psíquica ou sofrendo com uma desordem e não trata, seja por preconceito, desinformação ou receio em buscar ajuda, acaba agravando aquela condição e chegando a este ato.

“Quando o indivíduo chega a esse ato, com planejamento e ideação, ou seja, pensar em tirar a própria vida, é porque há um transtorno mental por trás causando isso. Os pacientes que buscam ajuda normalmente estão sintomáticos e a família observa, mas nem sempre isso pode acontecer. Às vezes, o paciente está em sofrimento, passando por uma batalha interna e não exterioriza. Quem vê de fora acha tudo normal, que a pessoa está bem-humorada e conseguindo trabalhar, mas só ela sabe o que está sofrendo”, comenta.

Nathalia Amaral/O Dia
Estudos revelam que até 98% dos casos de suicídio se devem a transtornos mentais.

Diversos fatores podem impedir a detecção precoce e, consequentemente, a prevenção do suicídio. O estigma e o tabu relacionados ao assunto são aspectos importante. Falar abertamente sobre esse importante problema de saúde pública que está enraizado em nossa cultura, especialmente sobre as principais doenças mentais, bem como o tratamento e a abordagem adequada podem fazer toda a diferença para quem está passando por esta situação.

A depressão, o transtorno de humor, transtorno bipolar, psicose como esquizofrenia, transtorno de ansiedade grave e transtorno por uso e abuso de substância, como álcool e outras drogas, são as doenças mais comuns, mas é necessária uma avaliação, pois o tratamento é feito conforme o tipo de patologia, desordem e transtorno mental do paciente, por isso a importância de procurar ajuda.

Carlos Alexandre MeloPsiquiatra

Detectando comportamentos e fatores de risco

O psiquiatra Carlos Alexandre Melo pontua uma pessoa com ideação suicida pode ou não apresentar sintomas. Porém, algumas frases podem dar indícios de que algo não está bem com ela.

“Precisamos ter em mente que isso é da ordem multifatorial, com possíveis causas, mas nem sempre vão apresentar sinais. Mas, aquelas que apresentam, podem dizer frases como ‘Não item mais jeito’, ‘Perdi a esperança”, mesmo que aquela pessoa esteja passando por um momento estressante. O natural, filogeneticamente, é que o nosso cérebro lute pela nossa sobrevivência, então, a partir do momento em que eu começo a ter pensamento de tirar a própria vida, é um sinal de alerta. O paciente pode começar a se despedir, a marcar encontro com familiares e amigos que fazia tempo que não os via, e você percebe uma certa despedida”, alerta o especialista.

Como abordar este paciente?

Mas, como abordar este paciente da maneira correta? Carlos Alexandre destaca que a psicoeducação é uma das pautas do Setembro Amarelo, que é a educação sobre o tema. Segundo o médico, o conhecimento pode contribuir para a desconstrução do estigma em torno do comportamento suicida.

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A psicoeducação é uma das pautas do Setembro Amarelo

“É preciso informar as pessoas, saber que isso existe, que não é frescura, não é fraqueza, nem falta de fé. O cérebro é um órgão e ele pode adoecer e, assim como outros órgãos, quando adoece ele dá sintomas. O pensamento de tirar a própria vida é uma doença e isso precisa ser tratado. O primeiro passo, e talvez o mais importante, é saber ouvir. Tem que chamar aquela pessoa que você identificou para um ambiente tranquilo, demonstrar que você realmente está tendo empatia, se colocando no lugar e está disposto a ouvir. Ter cuidado nesse conversa, enquanto a pessoa está falando, evitar ter desvios, desligar o celular, se possível, e realmente dar atenção”, pontua.

Além disso, deve-se evitar palavras muito objetivas e frases prontas, como “Isso vai passar!”, “Você vai conseguir superar!”, “Você é forte!”. Carlos Alexandre explica que essas expressões podem ter o efeito contrário ao desejado. “A pessoa já está em sofrimento, se você diz que ela é forte, a pessoa internaliza que ela é fraca por estar pensando tudo isso. Então é preciso saber ouvir e o que vai falar”, complementa.

Mitos e verdades

I - Mitos

O suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercer o livre arbítrio

Falso - Os suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante da prevenção ao suicídio. Após o tratamento da doença mental, o desejo de se matar desaparece.

II - Mito

Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida.

Falso - O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco.

III - Mito

As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção.

Falso - A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morto. Boa parte dos suicidas expressou, em duas ou semanas anteriores, frequentemente ais profissionais de saúde, seu desejo de se matar.

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