Atualização às 12h03
A terceira testemunha ouvida no
julgamento foi o ex-namorado de Izadora Mourão, Marcos Antônio dos Santos Viana.
Ele e a vítima tinham um relacionamento há quatro meses quando a advogada foi
assassinada. Em seu depoimento, o ex-namorado afirmou que, uma semana antes do
crime, Izadora chegou a afirmar que o irmão tinha perfil de psicopata.
Ex-namorado de Izadora, Marcos Antônio dos Santos Viana. Foto: Reprodução/TJ
“Antes de morrer, ela falou: ‘Meu irmão tem o perfil de um psicopata. Eu já estudei o perfil de um psicopata e é o perfil do meu irmão, é um cara frio, não demonstra felicidade e não demonstra tristeza’. Uma semana antes dela morrer, eles estavam sem se falar porque a Isadora pegou no celular dele e mexeu, e ele não gostou, teve uma briga muito grande. Ela estava com muito medo”, revelou o ex-namorado.
Segundo Marcos Antônio, a vítima relatava diariamente a rotina da família em detalhes e informava até mesmo os horários em que o irmão acordava. Izadora chegou a falar também sobre a proximidade que tinha com o pai e que, após a morte dele, se sentia “desprotegida”.
“Na época, eu não entendia porque ela me falava tantos detalhes, mas hoje eu entendo. Às vezes eu ficava pensando que eu não tinha nada a ver com o dia-a-dia do irmão dela, o horário que ele saía pra trabalhar, a rotina durante a semana. [Depois do crime] Eu fiquei pensando porque naquele dia ele [João Paulo] quebrou a rotina de anos. Só ele tinha acesso ao quarto dele, era uma pessoa muito reservada”, destaca.
No julgamento, Marcos Antônio também declarou que Izadora tinha medo do irmão e que colocava móveis e outros objetos atrás das portas da casa onde moravam todos os dias antes de dormir. O imóvel fica localizado ao lado da residência da família, onde a vítima foi encontrada morta.
“No primeiro dia eu já achei estranho, ela sempre encostava as cadeiras, o sofá, toda noite ela tinha esse cuidado. Ela dizia que tinha medo do irmão dela entrar de madrugada, porque ele tinha a chave. A minha casa estava em construção na época e a Izadora estava todo tempo me pressionando pra terminar a casa e dizia ‘isso não vai terminar bem’. Eu estava começando a mobiliar pra tirar ela de lá, exatamente por causa desse problema”, disse.
Marcos Antônio também afirmou que a advogada relatava as brigas que supostamente ocorriam na família por questões financeiras.
Matéria original
Acontece na manhã desta quarta-feira
(16), o julgamento do jornalista João Paulo dos Santos Mourão e de Maria Nerci dos Santos Mourão, acusados de matar a facadas a advogada Izadora Santos Mourão no dia 13 de fevereiro de 2021, na cidade de Pedro II. Os réus são irmão e mãe
da vítima.
O investigador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), João Paulo, foi a segunda testemunha ouvida durante o julgamento. Segundo ele, a advogada foi morta com nove perfurações feitas por duas facas diferentes, o que leva a polícia a acreditar que duas pessoas participaram do crime. A perícia feita no corpo aponta que as perfurações encontradas tinham duas profundidades e dois ângulos diferentes.
O investigador relatou ainda que vários fatos causaram estranheza à polícia durante a investigação. O primeiro deles foi o comportamento de João Paulo e Nerci após o enterro de Izadora.
Izadora Mourão. (Foto: Arquivo Pessoal)
“Era pouco mais de meio-dia, o enterro tinha acontecido, e quando chegamos na casa estava a dona Nerci e o João Paulo dentro de casa sem nenhum clima de velório. Isso já causou estranheza, parecia vida normal. Ela estava fazendo café na cozinha. Geralmente quando a polícia chega no ambiente familiar, a família entra em desespero, pedindo justiça, e não houve qualquer tipo de comoção, só falaram que queriam contribuir com as investigações, de forma bem fria, sem lágrimas”, afirmou.
Segundo o investigador, a polícia também estranhou o fato da família ter quitado o plano funerário uma semana antes do assassinato, após nove meses de atraso, o que indica que o crime possa ter sido premeditado após desavenças entre os acusados e a vítima motivadas por disputa pela herança da família.
Nerci e João Paulo. (Foto: Arquivo Pessoal)
“A motivação principal teria sido a questão patrimonial, a questão da herança. Depois que a Izadora separou, teve um desejo de ter mais participação na herança da família e o João Paulo e a dona Nerci estavam impedindo dela ter essa participação, de saber o que a família tem”, relatou.
Também foi ouvida durante o julgamento a prima de Izadora Mourão, Vanessa da Conceição Fabrício. Durante a oitiva, ela relatou que a faca que possivelmente foi usada no crime foi deixada pela mãe da vítima na casa da sua família, dentro de uma caixa. Contudo, ela relata que a família não desconfiou a princípio que a faca teria sido usada no homicídio.
“Quando a minha mãe falou que a Nerci tinha trazido uma faca, eu tirei da sacola, tirei a faca da caixa, peguei na faca, automaticamente ficaram todas as minhas digitais na faca. Quase que a gente não denuncia, por medo. [Pensei] se eu denunciar, minhas digitais estão na faca e quem vai presa sou eu. E se descobrirem essa faca aqui e tiver alguma coisa a ver? No final, acabamos denunciando”, lembra.
Prima de Izadora Mourão, Vanessa da Conceição Fabrício. Foto: Reprodução/TJ
A prima relata ainda que Izadora não era uma pessoa ambiciosa e, costumeiramente, lhe dava presentes. "Se eu elogiasse uma sandália dela, ela falava 'leva para ti'. Não era uma pessoa ambiciosa. Na época, eu fazia unha e às vezes dava 10 reais e ela me pagava 15, 20 reais", revelou Vanessa da Conceição.
Izadora Mourão foi encontrada morta dentro do quarto do irmão, o jornalista João Paulo Mourão, na casa da família na cidade de Pedro II.