Esta semana, o Jornal
O DIA traz
uma série
de reportagem sobre
profissões em
alusão ao Dia do
Trabalhador, que será comemorado na próxima segunda-feira,
1º de maio. Na edição de hoje
(25), contaremos um pouco da
rotina de um professor, os desafios da sala de aula e as alegrias
da profissão.
Há 22 anos, a professora Clemilda Bandeira leciona a disciplina de Geografa na Escola Estadual Zacarias de Góis – o Liceu
Piauiense, e se emociona ao falar
da paixão por dar aula ou ao ver
seus ex-alunos sendo bem-sucedidos no mercado de trabalho.
Clemilda Bandeira se sente realizada ao ver sucesso dos seus alunos no mercado (Assis Fernandes/ O Dia)
“Levamos a educação com a
cara, com a coragem e com amor,
apesar de muito difícil. Eu falo
dessa profissão e me emociono
e não mudo de área porque sou
apaixonada. Quando temos o
feedback com o aprendizado do
aluno ou nos deparamos com
uma pessoa que passou por nós
e hoje está no topo de uma profissão e reconhece que fomos importantes para sua construção, é
indescritível”, fala emocionada.
É o que destaca também o professor de Língua Portuguesa e diretor do Liceu Piauiense, Edvaldo Lima. Há quase 20 anos, ele
enfrenta desafios todos os dias
em sala de aula e fala da alegria
em ter escolhido esse ofício.
“É uma profissão que nos traz
uma grande satisfação, pois trabalhamos no processo de formação e cidadania. E a formação
acadêmica é fundamental no
nosso meio social e nós, como
mediadores desse processo, só
temos como nos sentir privilegiados em poder contribuir com
a formação desses cidadãos”,
pontua.
Profissão ainda
é desvalorizada
na sociedade
Apesar de ser muito contente com a escolha de sua
profissão, a professora Clemilda Bandeira frisa a necessidade de valorização e
reconhecimento da classe.
“Somos uma das mais importantes profissões, a base e
sustentáculo de todas as outras, então se eu tivesse que
pedir algo é para que realmente sejamos reconhecidos
pelos nossos governantes”,
salienta.
De acordo com a docente, muitos empecilhos dificultam que os professores
exerçam suas atividades com
total aproveitamento, sobretudo no que diz respeito à
falta de condições estruturais e de trabalho.
“É uma profissão apaixonante, porém muito desvalorizada e sacrificante. Eu diria
que, por essa paixão, a gente
quase que esquece os problemas mais sérios, como a desvalorização financeira. Ser
professor no Brasil é difícil
por vários fatores, além do
salário insuficiente, a carga
horária também é excessiva”,
cita.
A professora lembra ainda
das condições inapropriadas
e técnicas inacessíveis que
impedem a realização de determinadas atividades. Clemilda Bandeira comenta que
em sua disciplina, por exemplo, seria fundamental que os
alunos pudessem fazer trabalhos em campo, como visitar
locais para estudo. Segundo
ela, essas práticas esbarram
em dificuldades, como transporte e estrutura.
“A prática de campo, em
escolas públicas, é quase impossível. Seria muito interessante de tivéssemos apoio
para que os estudantes tivessem acesso a paisagens geográficas e centros turísticos.
Uma simples viagem requer
um custo e, às vezes, é totalmente inviável, sobretudo
para um aluno da escola pública”, pondera.
Falta de respeito
A professora Clemilda
Bandeira ainda cita a falta de
respeito que muitos professores sofrem em sala de aula.
Alguns são agredidos, ameaçados e intimidados durante
o exercício da profissão, tornando o trabalho mais árduo.
“Enfrentamos dificuldades, como violência escolar,
desrespeito e precisamos investir na educação familiar e
no apoio da família. O aluno
chega na escola com sua base
educacional-familiar formada e é muito difícil desfazer.
A sociedade cobra muito do
professor, achando que ele
tem que solucionar todos os
problemas educacionais dos
alunos, mas não é bem assim.
São histórias diferentes e cada
aluno tem sua vivência”, frisa.
Para ela, o professor teria
um contato maior e melhor
com seus alunos se a quantidade de vagas por sala fosse
estabelecida. Dessa forma, a
orientação seria mais aprofundada e os docentes teriam
a capacidade de investir individualmente em cada estudante.