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Da morte à vida: mulheres que venceram a luta contra câncer de mama

Aos 38 anos de idade, a fisioterapeuta Cecile Luz teve a sua vivência transformada por completo ao descobrir que estava com câncer de mama. Com dois filhos e levando uma vida saudável, ela não imaginava que um dia comum em julho de 2022 se tornaria um dos mais difíceis de sua vida. Felizmente, Cecile é uma das mulheres que faz parte da estatística que venceu a luta contra a doença. Hoje, mais de um ano depois, ela está curada e, com a sua cura, veio a vida: ao final do tratamento, Cecile descobriu que estava grávida.

“O câncer é quase uma sentença de morte, mas a gente aprende a passar por essa luta e confiar que tudo tem um propósito. Depois de um ano de tratamento, eu já estava curada, mas além da cura, veio a vida. Foi da morte para a vida, literalmente. Além da alegria e da gratidão por estar bem, veio a manifestação real da vida, que é gerar um bebê”, disse Cecile Luz em entrevista ao Jornal O DIA. 

Arquivo Pessoal
Cecile Luz descobriu gravidez no final do seu tratamento

Pernambucana, mas vivendo em Teresina, todos os dias Cecile buscava escutar seu próprio corpo. Logo após sentir algo estranho em sua mama, ela decidiu que faria uma ultrassonografia. Cecile foi encaminhada para o mastologista, realizou uma mamografia e, três dias depois, recebeu a notícia de que estava com câncer de mama. A fisioterapeuta conta que o autoexame foi essencial para descobrir o nódulo ainda no início. 

“Descobrir a doença me trouxe muitas incertezas, angústia e medo. Na época, meus filhos tinham 7 e 4 anos de idade e foi algo muito difícil para toda a família. A espera pelo diagnóstico foi terrível. Mas, não tenho dúvidas de que o autoexame foi algo que realmente ajudou. Descobrimos o nódulo com menos de um centímetro, estava pequeno e sem metástase. Então, quanto mais cedo você descobre, há mais chances de cura”.

E Cecile está certa. O autoexame deve ser rotineiro na rotina feminina. Muitas vezes, ele pode mudar o desfecho de uma história e salvar vidas. Segundo o Instituto Nacional de Câncer, as chances de cura chegam a 90% quando a doença é diagnosticada no início. Para tanto, o mastologista Luiz Ayrton Santos esclarece que é fundamental que a mulher conheça seu corpo e, ao perceber qualquer alteração na mama, busque auxílio médico imediatamente.

“O câncer é uma doença desafiadora, mas quando detectado no início, tem maior chance de cura. É preciso que as mulheres palpem sua mama e façam mamografia anualmente. O autoexame é uma oportunidade que a mulher tem de verificar alterações em seu corpo,  seja uma secreção que antes não existia, ou uma coloração diferente na mama”.

Luiz Ayrton SantosMastologista

Cecile Luz lembra que sua fé a manteve inabalável durante todo o tratamento. Ela passou por quimio e radioterapia, teve o cabelo raspado e fez a retirada de parte da mama afetada pelo câncer. Por já viver de forma saudável e praticar exercícios físicos regularmente, a paciente teve uma recuperação surpreendente até mesmo para os médicos. 

“Foi na presença de Deus que consegui me erguer e cooperar com o tratamento. Ainda em julho de 2022 eu comecei a quimioterapia, que finalizou em novembro. Em janeiro fizemos a retirada do quadrante onde estava o tumor, logo em seguida, fiz radioterapias diárias. Durante todo o tratamento consegui manter minha rotina de treino. Os médicos atribuíram a minha recuperação ao estilo de vida saudável que eu já levo há oito anos”, ressalta a fisioterapeuta. 

Arquivo Pessoal
Paciente passou por quimio e radioterapia, mas continuou se exercitando regularmente

O processo de cura do câncer de mama é diferente para cada uma. Há quem sinta sintomas leves, há quem passe por momentos muito dolorosos, há quem não se adapte ao tratamento. No entanto, uma coisa em comum une as mulheres que lutam contra a doença: a força de vontade. À todas que estão passando por esse momento tão difícil e transformador, Cecile Luz deixa uma mensagem:

“Mesmo sem entender e se perguntando o porquê de estar vivendo isso, confie que existe um ‘para quê’. Existe algo bom em todas as circunstâncias na nossa vida. Então, permitam-se vivenciar essa situação, aprender o que precisa ser aprendido, pois situações como essa vêm para transformar a nós e às pessoas que vivem ao nosso redor”.

Cecile LuzPaciente que venceu o câncer
Arquivo Pessoal
Cecile Luz manteve fé inabalável durante todo o tratamento

Mulher descobriu câncer após palestra sobre prevenção

Era 1995 quando Ivani Freitas Bezerra, hoje com 74 anos, descobriu estar com câncer de mama. À época, com 46 anos, ela percebeu estar com o mamilo ‘fundo’ após se auto examinar, motivada por uma palestra sobre prevenção à doença que aconteceu em seu local de trabalho, em Parnaíba. 

“Durante uma reunião sobre o câncer vi uma filmagem que mostrava os sintomas da doença e percebi que meu seio estava igual às imagens. Decidi falar com o médico e ele me informou que o câncer já estava bem avançado”, conta.

Pexels
Autoexame é essencial para diagnosticar doença

Ao contrário de outras pacientes, Ivani decidiu que não faria quimioterapia. Ela tinha suas próprias razões pessoais: o medo dos efeitos do tratamento e da própria sentença de morte, visto que, no mesmo período, perdeu duas amigas para a doença. “Eu via que as pessoas que faziam quimioterapia perdem os cabelos, ficam pálidas e isso tudo me assustou”, destaca.

Mesmo com medo, Ivani fez a retirada da mama afetada com cirurgia. Hoje, quase 30 anos depois, ela segue firme e forte contando a sua história. Ainda que tenha decidido não seguir pelo caminho tradicional, ela reforça que mulheres devem, sim, realizar o tratamento da forma adequada. “Cada caso é um caso. As mulheres devem procurar o médico com antecedência, pois realizando diagnóstico no início, é possível a cura”, acrescentou. 

Como é feito o tratamento para câncer de mama?

O tratamento do câncer de mama é uma abordagem multidisciplinar, adaptada às características individuais de cada paciente. Geralmente, a estratégia inclui uma combinação de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia hormonal e imunoterapia. A cirurgia é frequentemente o primeiro passo, podendo envolver remoção da mama afetada a remoção apenas do tumor e uma margem de tecido circundante.

A radioterapia é utilizada após a cirurgia para eliminar possíveis células cancerígenas remanescentes, enquanto a quimioterapia, terapia hormonal e imunoterapia são administradas para destruir células cancerígenas que possam ter se disseminado pelo corpo. 

Além disso, é importante destacar a importância do acompanhamento constante e do suporte emocional durante todo o processo de tratamento. O suporte psicológico, grupos de apoio e a orientação de profissionais de saúde especializados são essenciais para ajudar a paciente a enfrentar os desafios físicos e emocionais que o tratamento do câncer de mama pode apresentar.