A antecipação das chuvas tem
começado a preocupar os moradores de Teresina, em especial as famílias que
moram em casas localizadas em áreas de risco. Na Vila da Paz, zona de Sul de Teresina, o pintor Raimundo Nonato e mais seis pessoas da sua família moram em um
imóvel à beira de um grotão. A residência, localizada em uma área contemplada
por projeto de urbanização da Prefeitura de Teresina, já teve o muro e dois
cômodos derrubados pela erosão do solo, que sofre ação da chuva e dos abalos
provocados pela obra.
Fotos: Assis Fernandes/O Dia
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Segundo ele, em fevereiro deste ano, uma equipe da Superintendência das Ações Administrativas Descentralizadas (SAAD Sul) esteve no local para propor um acordo para que os moradores deixassem o local. A promessa era de que a família receberia cerca de R$ 100 mil de indenização para comprar um novo imóvel e deixar a área de risco.
“Aqui onde está a nossa casa vai passar a obra, vai ter uma rua. Eles disseram que queriam fazer esse acordo e a gente receberia R$ 107 mil para comprar uma nova casa, mas já tem nove meses e até agora não recebemos. Já fomos à prefeitura cobrar e nada. Estamos esperando receber esse dinheiro pra poder sair daqui, porque não temos condição nem de pagar um aluguel. Eu tenho medo da casa cair e morrer todo mundo”, explica o morador.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
O pintor é morador da Vila da Paz há 30 anos. No local moram, além dele, a esposa, uma filha e quatro netos. O imóvel é localizado ao lado de uma passarela - cuja estrutura está danificada - e à beira do córrego. O medo é de que, com a chegada do período chuvoso e a proximidade das obras de urbanização, a casa acabe desabando como aconteceu com parte da estrutura.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
“Quanto mais o trator chega perto daqui, mais a casa treme. Já caiu o muro aqui do lado, um quarto e um banheiro. Construímos esse banheiro aqui às pressas pra poder usar. A porta do lado tem que ficar fechada porque agora tem essa ribanceira e meus netos podem cair. Não fizemos nenhuma reforma porque o pessoal da prefeitura disse que não podemos mexer na estrutura da casa porque vamos sair daqui”, denuncia Regina do Amparo, esposa do seu Raimundo.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
Mesmo sem receber o dinheiro da indenização, a família faz planos para sair do local. A esperança é de que a quantia prometida pela prefeitura seja suficiente para comprar uma casa no mesmo bairro. “Nós moramos aqui há mais de 30 anos, não queremos sair daqui. Quatro vizinhos já saíram e receberam casas no [residencial] Torquato Neto, mas a gente quer o dinheiro para continuar aqui. Nossa vida é toda construída na Vila da Paz, nossos netos estudam aqui, não temos como começar tudo em outro lugar”, lamenta a dona de casa.
A reportagem do O DIA procurou a SAAD Sul, que informou que a Gerência de Habitação já encaminhou os processos para a Procuradoria Geral do Município para dar continuidade à liberação das indenizações. Ao todo, foram sete negociações referentes a desapropriações na Vila da Paz.
De acordo com a SAAD, o processo de negociações foi retomado em abril deste ano e as negociações com os moradores ocorreram em junho, estando presentes Saad, Semduh e PGM. “Os processos acordados foram enviados para os trâmites burocráticos necessários e no momento encontra-se com minuta a ser encaminhada a Semgov e posteriormente a Semf para pagamento. Ressalta-se que, segundo o acordado, os moradores continuam em suas casas até o efetivo recebimento da benfeitoria”, informou a SAAD.