Anos depois daquela conversa, em 1955, ele, Francisco
Rodrigues de Sales (conhecido como Chodó), tornou-se o primeiro vereador
a representar Jenipapeiro, na Câmara Municipal de Picos, vencendo o
fogo cerrado de brigas eleitorais tão acirradas como é no interior, onde
só havia duas alternativas: o Chico ou o Leitão.
Não conseguimos informações mais profundas sobre a origem da família
Leitão, apenas que os avós paternos de Ofélio das Chagas Leitão eram
Antônio das Chagas Leitão e Maria Ursulina Cavalcanti de Albuquerque.
Ofélio Leitão, filho mais novo do casal (os outros quatro chamavam-se
Brocardo, Caio, Petrônio e Hélio), era um jovem vivo e inteligente,
tendo feito o ginásio e o científico em Picos, foi para São Luís e
bacharelou-se brilhantemente em Direito pela Faculdade do Maranhão, em
2-1-1940. Voltando para o Piauí, inicia sua careira exercendo as funções
de Juiz do Trabalho, Procurador Geral da Justiça do Estado do Piauí,
Chefe da Casa Civil do Governo Tibério Nunes, Presidente da Comissão de
Salário Mínimo do Piauí, Presidente da Junta de Conciliação e Julgamento
do Trabalho e Procurador Regional Eleitoral do Piauí. Mais tarde
chefiou a Assessoria Jurídica do Banco do Brasil. Foi um dos advogados
da família do Juiz Valdinar Serra e Silva, assassinado em Jaicós em
pleno exercício de suas funções. Outro fato de destaque na sua
militância advocatícia foi ter assinado o Mandado de Segurança contra a
cassação do vereador Jesualdo Cavalcante, do PTB, que estava preso
incomunicável no Quartel do Exército juntamente com outras pessoas
consideradas subversivas, entre as quais seu filho Francisco Celso e
Silva Leitão (Chichico). Como a política estava no seu sangue,
transmitida desde os avós, foi um dos grandes líderes da União
Democrática Nacional (UDN). No magistério, foi professor de Geografia,
História e Francês, no Liceu Piauiense e nos Ginásio Leão XIII e
Demóstenes Avelino. E ainda, na Academia de Comércio do Piauí, lecionou
Direito Comercial. Foi redator-chefe da �€œImprensa Oficial�€, do �€œZodíaco�€
(1943) e do jornal �€œO Piauí�€ (1945), além de atuar em órgãos
jornalísticos da imprensa de São Luís (�€œO Imparcial�€ e �€œO Maranhão�€, de
1938 a 1939, por exemplo). Agraciado com Medalha do Mérito �€œConselheiro
Saraiva�€, em 1980 ingressou na Academia Piauiense de Letras,
substituindo o historiador Carlos Eugênio Porto, cadeira nº. 14, cujo
patrono é o Cônego Raimundo Alves da Fonseca. Vida muito laboriosa,
cheia de tantos chamamentos públicos, não teve tempo de construir uma
vasta obra, deixando apenas �€œEurípides de Aguiar �€“ o Varão de Plutarco�€
(1980), �€œUm Jornalista na Academia�€ (1983), �€œO Poeta da Raça�€, �€œA
Unidade Nacional�€, �€œO Comunismo e a Sociedade Brasileira�€, �€œO
Sindicalismo�€ e �€œUm Grande Piauiense�€ entre mais outros ensaios, estudos
e conferências. �€œUm lutador invicto, pertinaz na luta sempre encetada
de forma altruística e motivada para a bem, guiada pela solidariedade
humana, um exemplo de coragem e civismo�€, dele disse o Dr. José Maria
Soares Ribeiro, seu sucessor na Academia Piauiense de Letras.
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Francisco Miguel de Moura �€“ Escritor, membro da Academia Piauiense de Letras.