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O esporte amador do Piauí ainda chora e lamenta a perda de "Seu João"

O carismático dono do Armazém Paraíba era um futebolista das antigas e gostava de ajudar quem precisava de ajuda.

29/04/2020 11:19

Naquele tempo

Recordar é viver, diz o velho ditado. Assim se expressa o criador de uma bela canção dos bons tempos de seresta, tempo bom que não volta mais. E relendo uma história que contei no livro "Rádio Calçada", que tinha na primeira página um aviso muito importante: "Não leve a vida demasiado à sério: de qualquer forma, você não sairá vivo disso." 

A autoria não é minha, mas do sábio Albert Hubbard que foi muito amigo de Ali Babá. Como os senhores sabem, Ali Babá foi o precursor dos políticos no mundo e deixou uma bela história: Ali Babá e os 40 ladrões. E a multiplicação destes comandados do seu Ali se estendeu pelo o mundo inteiro e hoje são mais de quatrocentos só no Brasil. Uma tropa. 

Mas a bola rola, este escriba não enrola e se "samba não se aprende na escola" porque é que tem tantas escolas de samba espalhadas pelo Brasil, que até no Piauí têm? Tem escola até de doido varrido como já teve no Piauí os "Malucos por Samba". E assim, a bola rola, este amigo de vocês não enrola e saco pequeno é sacola. Mas eu comecei falando foi "naquele tempo" em que se amarrava cachorro com linguiça e que a gente podia confiar num cidadão e dizer: "fica aí tomando conta da minha querida mulher que eu volto já." E saia para mijar. E até podia nem mais voltar que ela ficava intacta, inviolável. Mas hoje, já não se respeita nem a mulher do próximo quanto mais do distante...

Sim, meus amigos, o tempo passa, como diz o Dídimo de Castro narrando futebol na Pioneira e o Carlos Said pensando que ele é surdo, diz: "essscuuuta Dídimo!". Ou até se lembrar de quando Paulo Henrique de Araújo Lima era locutor dos bons da Rádio Difusora de Teresina e seu irmão, Carlos Augusto, era o comentarista e, em determinado momento da transmissão, C.A diz para P.H, seu mano: -"Olha lá, Paulo Henrique, um cabra vai roubando a bicicleta do papai!" Isso são coisas que o tempo levou e aconteceram numa época de ouro do rádio piauiense, tempo em que a gente era feliz e não sabia. Tempo em que tinha Mariquinha e Maricota, Ana Paula e Ana Maria. Tempo em que se amarrava cachorro com linguiça e no futebol profissional tinha um jogador craque chamado de "Pilinguiça" e o cara quando era fundo na bola era chamado de "carniça". Tempo bom quando bala de chupar era chamada de bombom e Totó Barbosa tocava violão sem sair do tom. Tempo em que dona Genu era mocinha e a maior atração da praça era a Nicinha. Perdoem a nostalgia, mas temos o pandemônio. Foge ligeiro a alegria.

Praça Pedro II

O maior centro de diversão, lazer, namoro de Teresina. É esta Praça Pedro II, a nossa Cinelândia do Rio de Janeiro, a Praça do Ferreira em Fortaleza. Antigamente, as nove horas tocava a corneta da PM e toda moça ia logo para casa. As que permaneciam, ficavam, eram "faladas"...

Ainda chora

O esporte amador do Piauí ainda chora e lamenta a perda de "Seu João". O carismático dono do Armazém Paraíba era um futebolista das antigas e gostava de ajudar quem precisava de ajuda. Era o padrinho forte do Fluminense do seu Belchior que, nas tardes de segundas-feiras, ia lhe contar o resultado do jogo de domingo. Demorava descrevendo os lances e não ia nunca ao resultado da partida. Já impaciente, seu João lhe indagava: -Sim, Belchior e o jogo quanto saiu?  Ele coçava a cabeça e dizia: -Perdemos de cinco zero. Mas foi um jogo duro...

Baixa nas peladas

Por conta desta onda epidêmica, a prática do esporte bretão caiu consideravelmente porque a negrada confunde as coisas e têm uns que acham que devemos ficar longe uns dos outros para evitar até os espirros e as bufas. Isolamento total, principalmente, o facial. Até as "horas de camaradagem" dos casais foram transformadas em "virtuais" e beijos na boca nunca mais. Nem em moça nem em rapaz. E nem por frente e nem por trás. Bolsonaro diz que tudo está sob controle, mas não se joga mais nem o vôlei. Tudo agora é virtual. Quero ver quando chegar o carnaval...

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