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O enófilo curioso

por Ricardo Rodrigues

A Origem da Medida Padrão de 750 ml para Garrafas de Vinho

A Confluência de Fatores Históricos e Comerciais na Definição do Padrão

23/08/2024 às 08h45

23/08/2024 às 08h45

A escolha da capacidade de 750 ml como padrão para garrafas de vinho é o resultado de uma confluência de fatores históricos, práticos e econômicos. Embora não haja uma única explicação definitiva, várias teorias ajudam a entender por que essa medida específica se consolidou como a mais comum.

Historicamente, as garrafas de vinho eram produzidas artesanalmente por sopradores de vidro. A técnica de sopro do vidro era limitada pela capacidade física do artesão, que conseguia moldar garrafas de tamanhos razoáveis, tanto em termos de peso quanto de volume. Nesse contexto, 750 ml emergiu como uma quantidade prática e alcançável, permitindo a criação de garrafas que fossem robustas, mas ainda manuseáveis. Essa capacidade se tornou um padrão não só pela habilidade técnica envolvida na produção, mas também pela praticidade para o consumidor.

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Além disso, a medida de 750 ml está intimamente ligada às convenções de comércio internacional, especialmente entre a Europa e a Inglaterra. Na Inglaterra, o sistema de medidas utilizado para líquidos era o "gallon" (galão), equivalente a aproximadamente 4,546 litros. Uma caixa de vinho típica continha 12 garrafas de 750 ml, totalizando 9 litros, o que corresponde a cerca de 2,25 galões. Essa correspondência facilitava as transações comerciais, permitindo que o vinho fosse transportado e comercializado de maneira eficiente entre diferentes regiões e sistemas de medidas. Assim, o padrão de 750 ml atendia tanto às necessidades do mercado europeu quanto às do mercado britânico.

Além dos aspectos históricos e comerciais, a capacidade de 750 ml também se mostrou ideal para o consumo. Essa quantidade é suficiente para servir duas a três pessoas durante uma refeição, proporcionando a cada pessoa um ou dois copos de vinho sem exagero. Esse volume, portanto, se alinha perfeitamente às expectativas de consumo social e moderado, tornando-se uma escolha prática para a maioria das situações cotidianas.

A padronização dessa medida foi consolidada na Europa e, com o tempo, adotada globalmente. Essa uniformidade facilitou não apenas o comércio, mas também a logística de distribuição e o marketing do vinho. Com a globalização dos mercados, a garrafa de 750 ml se estabeleceu como o recipiente mais comum, prevalecendo em diferentes culturas e contextos.

Em resumo, a medida de 750 ml para garrafas de vinho é resultado de uma combinação de fatores técnicos, históricos, econômicos e sociais. O processo de fabricação do vidro, a necessidade de harmonização entre diferentes sistemas de medidas e a adequação ao consumo diário convergiram para tornar essa capacidade o padrão global. Embora o desenvolvimento dessa medida não tenha sido planejado de forma deliberada, sua consolidação reflete a evolução das práticas culturais e comerciais ao longo dos séculos.

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