Publicada em 27/11/2016 18:46
Paulo Nobre? Alexandre Mattos? Gabriel Jesus? Sem dúvida, o grande responsável pelo tÃtulo do Campeonato Brasileiro de 2016 pelo Palmeiras atende pelo nome de Allianz Parque. E isso nada tem a ver com o fato de o Verdão ter uma ótimos resultados esportivos dentro de casa, algo que só aconteceu realmente neste ano. O negócio se explica pela grana que o clube passou a ter.
Em 19 de novembro de 2014, com o Palmeiras prestes a ser rebaixado no Brasileirão pela terceira vez em sua história, quase 36 mil pessoas esgotaram todos os caros ingressos disponÃveis para a partida (camarotes ainda tinham poucos alugados) para ver a derrota do time para o Sport por 2 a 0, o primeiro jogo da história da nova arena. Mesmo assim, o Palmeiras acabou não sendo rebaixado, encerrando a primeira gestão de Paulo Nobre.
Durante o primeiro mandato, o presidente, sem contar com toda a receita de TV, antecipada por gestões anteriores, emprestou dinheiro ao clube. Com o óbvio tÃtulo da Série B em 2013 e o 16º lugar em 2014, Nobre foi criticado pelos empréstimos pessoais ao Palmeiras (mesmo que com juros baixÃssimos e condições de pagamento muito boas para o clube) e as contratações erradas, especialmente dos argentinos, estes depois arcados integralmente pelo mandatário.
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Em janeiro de 2015, Paulo Nobre, iniciando seu segundo mandato, resolveu mudar o clube ao contratar Dudu, pagando impressionantes R$ 22 milhões por um jogador que era pretendido por São Paulo e Corinthians. Mas desta vez ele não fez uma aposta tão arriscada assim. Não que houvesse certeza de que o jovem jogador renderia o esperado, mas sim pelo indÃcio de que o dinheiro que ele estava colocando seria recuperado.
Em 2015, com as contratação de Dudu, Arouca, Gabriel, Zé Roberto, Robinho e Rafael Marques, entre outros, nenhum palmeirense se perguntava: “De onde virá essa grana toda?â€. O torcedor simplesmente respondeu a isso dando dinheiro ao clube diretamente. O programa de sócio-torcedor Avanti existia há anos, mas nunca foi para frente pela falta de casa (o antigo Palestra Italia foi fechado em 2010) e pelos péssimos times montados no perÃodo.
O programa de sócio-torcedor explodiu. Paulo Nobre usou Dudu como gatilho para alavancar de 36 mil para quase 100 mil sócios em poucos meses. Em 2015, o clube campeão da Copa do Brasil faturou R$ 36 milhões apenas com as mensalidades. Em 2016, com 126 mil sócios, o dinheiro será praticamente o mesmo, já retirando a taxa de administração do programa. As receitas de bilheteria do estádio triplicaram, já que o preço praticado agora é superior ao dos anos anteriores, além de presença de público bem maior. A renda lÃquida foi de R$ 11,6 milhões em 2014 para R$ 43 milhões em 2015.
Consta no regulamento do programa de sócios-torcedores que todo dinheiro arrecadado ali vai para o futebol. Contando bilheteria e programa de sócios, o Palmeiras tem seguramente R$ 75 milhões a mais por ano do que tinha antes para usar apenas no futebol. E isso só foi possÃvel graças ao novo estádio. Com o antigo Palestra, dificilmente o programa “pegaria†como pegou. Basta usar exemplos de rivais com torcida parecida, mas sem estádio novo, como São Paulo e Vasco.
Dos mais de R$ 200 milhões emprestados por Paulo Nobre, o Palmeiras já devolveu cerca de R$ 85 milhões antes de sua gestão acabar. Os empréstimos foram necessários para o clube sair do buraco e depois ter um grande superávit com o novo estádio. Podemos concluir que a nova arena, abraçada pela sua imensa torcida, foi o fator principal para pagar os altos custos do agora melhor elenco do Brasil. Paulo Nobre apenas usou sua própria grana, o marketing e a contratação de Dudu para antecipar a fase vitoriosa em pelo menos cinco anos.