Vendo que nem mesmo o Bigode conseguia resolver o problema da equipe e não existia um jogador no elenco capaz de resolver a situação, o Cruzeiro foi ao mercado para reforçar sua linha de frente, e as contratações foram certeiras. A escolha foi por uma dupla de jogadores experientes, com talento e qualidade comprovados: Rafael Sóbis e Ramón Ãbila. O brasileiro, que estava muito bem no Tigres, já era conhecido em terras tupiniquins pelos vários momentos de brilho com o Internacional e a boa técnica, foi o nome mais badalado e exaltado. No entanto, ainda que tendo "menos moral" que Sóbis, o argentino também era visto como bom reforço. Ele defendeu o Huracán nas últimas edições da Libertadores, inclusive enfrentando e marcando dois gols contra o Cruzeiro no torneio continental em 2015, e tinha ótimos números: 16 tentos em 24 jogos pelo clube nesta temporada (11 pelo Campeonato Argentino e cinco na Libertadores).
E a nova dupla de ataque da Raposa correspondeu. Com ótimas atuações e formando um excelente quarteto ofensivo com Robinho e Arrascaeta - que também estão jogando muito e são responsáveis pela recuperação celeste no Brasileirão -, Sóbis e Ãbila fizeram o Cruzeiro renascer no Campeonato Brasileiro, e o Wanchope tem sido o grande protagonista. O ex-atacante do Tigres tem sido fundamental com grandes jogadas, gols e assistências, enquanto Robinho é o maestro e Arrascaeta, em grande fase e mostrando seu enorme talento, é o artilheiro, lÃder de assistências e o jogador que mais cria chances de gols, finaliza e arma jogadas da equipe no Brasileirão. No entanto, quem está assustando os rivais é o centroavante argentino.
(Foto: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)Ramón Ãbila não é um jogador muito participativo. Ele se movimenta pouco, não busca o jogo nem sai muitas vezes da área para criar jogadas, puxar a marcação e dar assistências. Não à toa, ele participa pouco das partidas: dá poucos passes, ainda não deu uma assistência sequer na Raposa e também não ajuda muito na marcação. No entanto, ele é um centroavante brilhante.
Mapa de calor mostra a movimentação de Ãbila na vitória por 2 a 0 sobre o Santa Cruz neste domingo (Foto: Opta)Ãbila tem muita inteligência tática e noção de espaço. Ele se movimenta no momento certo, sabe abrir espaços para os companheiros, usa bem o corpo para fazer o pivô e está sempre bem posicionado, no lugar certo na hora certa. Além disso, tem um enorme poder de finalização e sabe marcar gols. O Wanchope finaliza bem de cabeça e com as duas pernas.
O Cruzeiro passou 12 rodadas no Z4, sendo seis consecutivas, mas se recuperou nas últimas cinco rodadas, conquistando 11 dos últimos 15 pontos disputados, acumulando cinco jogos de invencibilidade e se afastando da zona de rebaixamento, chegando ao 14º lugar, com 26 pontos. "Curiosamente", nas últimas cinco partidas, Ãbila marcou cinco gols, todos fundamentais, definindo vitórias ou empates importantes para a Raposa na briga contra a degola. Quando o time celeste precisou, o Wanchope resolveu.
Confira os números de Ãbila no Brasileirão 2016:
O argentino, além disso, tem números impressionantes. São cinco tentos em oito partidas no Brasileirão, uma média de 0,625 gol por jogo. Levando em consideração também a Copa do Brasil, são seis gols em nove duelos, uma média de 0,66. Ãbila, mesmo chegando no meio da temporada, tem a melhor média de gols do Cruzeiro no ano. Além disso, ele é o artilheiro da Raposa no Campeonato Brasileiro ao lado de Arrascaeta - o meia uruguaio, porém, precisou de 20 confrontos para balançar as redes cinco vezes - e não precisa de muitas oportunidades para marcar, já que acertou o alvo apenas nove vezes no torneio nacional de pontos corridos. Ou seja, nas nove vezes em que acertou o alvo, o hermano colocou a bola no fundo das redes cinco vezes. Isso sem falar que ele anota tentos de todas as formas: com as duas pernas e também com a cabeça.
Ãbila resolveu o problema de falta de gols do Cruzeiro e ajudou o time a renascer na temporada, principalmente no Campeonato Brasileiro, onde a situação era desesperadora - apesar de ainda não ser tranquila. A linha ofensiva celeste voltou a ser temida e os números melhoraram. A Raposa, por exemplo, tem um ataque melhor que o Flamengo, segundo colocado do Brasileirão: 30 gols contra 28 do Rubro-negro. Desde que o Wanchope começou a marcar sem parar, o clube estrelado não perdeu, ganhou confiança e se recuperou. Implacável e imparável, o argentino chegou para resolver e está resolvendo.