O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) continua fazendo um pente fino para identificar beneficiários do Bolsa Família que usaram o dinheiro do programa para apostar nas chamadas bets (casas de apostas online). A iniciativa foi tomada após um relatório do Banco Central revelar que pessoas cadastradas no CadÚnico gastaram cerca de R$ 3 bilhões em apostas em apenas um mês usando transferências via PIX.
Nesta sexta-feira (28), o ministro Wellington Dias revelou que há indícios de que beneficiários do Bolsa Família tenham tido seus CPFs usados em sites de apostas sem saber. Isso, porque, segundo ele, o universo de participantes do programa que apostaram nas bets era muito pequeno se comparado à quantidade de brasileiros que admitiram jogar algum tipo jogo. O Ministério do Desenvolvimento Social pediu à Polícia Federal que investigue possível lavagem de dinheiro usando CPF de pessoas do CadÚnico.
“Fizemos um estudo com o Banco Central e, em geral, 52% dos brasileiros dizem que jogam algum tipo de jogo. No Bolsa Família, apenas 3,4% dos beneficiários tinham usado dinheiro para isso. Quando saiu o relatório no começo de 2024, pedi investigação da Polícia Federal sobre lavagem de dinheiro usando o CPF de pessoas do CadÚnico. Ela está em andamento e há indícios que confirmam que muita gente, sem saber, estava tendo seu CPF com aplicações em valores muito elevados”, explicou Wellington.
Isso, de acordo com o ministro, precisa ser muito bem analisado para evitar a responsabilização de pessoas que, em tese, não têm responsabilidade. A orientação, disse Wellington Dias, é “não criminalizar os pobres, mas também não pagar nadar irregular e ainda combater qualquer tipo de crime”.
Foi adotada pelo Governo Federal uma série de medidas para evitar o uso do Bolsa Família em casas de apostas. Entre elas, configurar os cartões do programa para rejeitar automaticamente transações em bets, garantir o bloqueio de Pix para sites de apostas junto à Caixa Econômica, estabelecer um sistema para rastrear padrões de uso indevido de recursos para bloquear transações suspeitas e lançar campanhas de conscientização sobre os riscos do vício em jogos de apostas.
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