A partir de 2024, a tradicional solução oral, em forma de “gotinhas”, que imuniza crianças contra a poliomielite, deixará de ser utilizada para dar lugar à versão injetável do imunizante. A decisão foi anunciada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, por meio de live, na última sexta-feira (07).
A mudança, que ocorrerá de forma gradual, foi aprovada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), onde considerou novas evidências científicas contra a doença.
Além disso, o Governo Federal pontuou que a atualização não representa o fim da “gotinha”, mas apenas um avanço tecnológico para dar uma maior eficácia ao esquema vacinal. A poliomielite é a principal causadora da paralisia infantil.
Atualmente, o esquema de proteção é baseado em cinco doses, sendo um aos dois, quatro e seis meses de forma injetável, pela Vacina Inativada Poliomielite (VIP). Além disso, há dois reforços que acontecem no formato de gotas, com um aos 15 meses e outro aos quatro anos de idade.
Especialista explica a decisão
Em entrevista ao programa Bom Dia News, da O Dia TV, o médico pediatra Sérgio Feitosa, destacou que no início do programa nacional de imunização, há 30 anos, a estrutura da saúde brasileira era mais precária. Para efetivação da campanha ao público-alvo, medidas mais simples, como a imunização em gotas, seria necessária.
“Hoje, com as melhorias das condições, com programa de assistência à saúde, saúde da família e outros programas, nós temos mais estrutura técnica, operacional e de pessoal para fazer de forma injetável”, argumentou o especialista.
Sérgio Feitosa informou, ainda, que a vacina injetável é mais segura, pois o vírus transportado ao paciente é inativado, caso este que não é visto no formato em gotas.
“A principal vantagem é que ela é mais segura. A vacina oral é muito segura, mas o formato oral tem vírus enfraquecidos atenuados, ou seja, a probabilidade de acontecer uma reação diversa é baixíssima, mas não é zero. Já com a vacina injetável, o vírus é inativado. Ele não vai atuar de forma alguma”, explicou.
Dessa forma, em 2024, o reforço de 15 meses também será injetável, e já o de quatro anos não será mais necessário.
Baixo índice vacinal
Desde 1989, não há notificação de caso de pólio no Brasil, entretanto, nos últimos anos a pasta governamental sentiu sucessivas quedas quanto a vacinação do público-alvo. Para se ter uma ideia, a meta vacinal é para uma cobertura de 95%, objetivo este que não foi alcançado em 2022, por exemplo. No ano passado, a cobertura ficou estagnada em 77,19%, valor longe da meta.
O Governo Federal espera que a nova atualização retome as altas coberturas vacinais no país, que foi referência internacional.
Zé Gotinha, símbolo nacional da vacinação
Criado no final dos anos 1980, pelo artista plástico Darlan Rosa, o personagem icônico “Zé Gotinha” é, sem dúvidas, um dos maiores símbolos nacionais da vacinação no Brasil. O personagem foi totalmente inspirado na vacinal oral contra a pólio e, por isso, possui o formato de uma gota.
De acordo com o Ministério da Saúde, o personagem está longe de se aposentar e “vai continuar na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis em todo Brasil, participando das ações de imunização e campanhas do governo”.
Com edição de Nathalia Amaral.