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Cidades do Piauí tiveram pior déficit financeiro em 25 anos, aponta estudo

Um relatório apresentado pela Confederação Nacional dos Municípios evidenciou um quadro alarmante da crise fiscal enfrentada pelas cidades piauienses. De acordo com o órgão, 68 das maiores cidades do Piauí registraram déficit financeiro em 2023. A crise é a pior enfrentada pelas cidades do estado nos últimos 25 anos.

O estudo avaliou o cenário nas 191 maiores cidades do Piauí em 2023, destas 36% apresentaram saldo negativo. Mesmo com o contexto, o Piauí registrou R$ 133.824.428 milhões no resultado primário do último ano. O presidente da Associação Piauiense dos municípios foi consultado sobre os números, porém não se manifestou sobre o tema.

De acordo com a CNM, “parte da crise é explicada pela redução no ritmo de crescimento das receitas e pelo aumento expressivo das despesas públicas, decorrente dos reajustes generalizados ocorridos após o período da pandemia. Com o encerramento do exercício financeiro de 2023, ficou constatado o maior rombo nas contas públicas dos Municípios em décadas”.

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Dinheiro, salário

No âmbito nacional, os municípios incorreram em um déficit primário de R$ 16,2 bilhões em 2023, o que indica que as receitas municipais foram insuficientes frente ao aumento de despesas decorrente do período pós-pandemia.

O levantamento da Confederação teve como base os dados colhidos dos relatórios fiscais da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) enviados pelas prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

As fontes de gastos mais expressivas apontadas no levantamento foram com o pagamento de pessoal, investimento e despesas com custeio de programas. Somadas, o crescimento chegou a 14,8% no ano de 2023. Além de representarem a maior parte dos gastos das prefeituras, o aumento desses três tipos de despesas no ano passado ocorreu por conta de reajustes em função da pandemia, aumento dos gastos com prestadores de serviços, contratação de novos servidores e a retomada de obras públicas, interrompidas durante a Covid-19.

Ao se estender a análise para os demais Entes públicos, governo federal (incluindo Bacen), Estados e DF, e as Estatais, o quadro de preocupação se mantém. O resultado fiscal dos Municípios (déficit de R$ 9,8 bilhões) foi o pior desde o início da série, em 1999. Os únicos Entes a terem resultados positivos foram os Estados e o DF. Vale destacar que a ótica utilizada pelo Banco Central é diferente da utilizada nos relatórios fiscais da LRF, e, portanto, há uma diferença entre os resultados primários.

Aumento das despesas de custeio

De acordo com o levantamento, entre 2022 e 2023, houve crescimento de 14,8% da despesa dos Municípios, equivalente ao incremento de R$ 114,3 bilhões. A maior expansão, em termos absolutos, foi observada no custeio da máquina pública (+R$ 48,9 bilhões). Segundo os dados, essa expansão consolida o processo de reajustamento das despesas públicas no período pós-pandemia, em especial para as despesas com os prestadores de serviços, a locação de mão de obra (que incluem os serviços de vigilância, segurança patrimonial e limpeza) e a distribuição de material gratuito, como livros didáticos e medicamentos.

Na sequência, as despesas com pessoal se elevaram em 13,2% no período (+R$ 47,6 bilhões), puxada pelos reajustes salariais e pelo processo de admissão de novos servidores, interrompidos durante a pandemia. Também contribuiu para a expansão fiscal o aumento de 25,3% do investimento público (+15,5 bilhões), puxado pela retomada de obras públicas e aquisição de maquinário.

As três despesas elencadas respondem por 98% do aumento do gasto público em 2023 e ajudam a explicar o atual cenário fiscal.