Deputados, estudantes e entidades representativas se reuniram na manhã desta quarta (24) para discutir o aumento na tarifa do transporte público intermunicipal da região metropolitana de Teresina. Durante a audiência pública, parlamentares defenderam o fim do monopólio nas empresas que operam o sistema de transporte e confirmaram celeridade no projeto de lei que determinará a licitação de empresários que atuarão na região. Um fundo para subsidiar o preço da passagem para estudantes e trabalhadores também será criado.
Em março a tarifa de transporte intermunicipal foi reajustada em 25% por empresas do sistema, elevando o preço da passagem para deslocamentos até Teresina em cidades como Altos, José de Freitas e União. A passagem paga pelo trajeto entre Teresina e Altos, por exemplo, subiu de R$ 8 para R$ 10. Para ir para José de Freitas, tem passageiro pagando até R$ 14. Quando o percurso é para União, esse valor aumenta para R$ 15.
O aumento afetou diretamente o dia-a-dia de milhares de pessoas, como o estudante do 3° ano do ensino médio, Pedro Xavier. O jovem se desloca diariamente para Teresina e gasta cerca de R$ 400 por mês.
Um dos proponentes da audiência, o deputado Warton Lacerda (PT) criticou o aumento abusivo e apontou alternativas para o sistema.
“Nos chamou atenção a aplicação de um reajuste que eu considero abusivo, na ordem de 25%. A Agrespi liberou 9%, aplicaram 25%. Disseram que tinha uma porcentagem represada. Não dá para um trabalhador que ganha um salário mínimo pagar R$ 10 para ir e R$ 10 para voltar. Já estava previsto outro reajuste para junho. Vamos encaminhar a criação de um fundo de subsídio para não sobrecarregar os estudantes e trabalhadores”, afirmou.
A posição de Warton é contestada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros do Estado do Piauí (Sineônibus), como revela o presidente Francisco Arêa Leão.
“Na verdade os preços das passagens são todos feitos com um custo para manter o padrão de qualidade oferecido. Se reduzirmos esse preço vai reduzir ainda mais a qualidade do serviço prestado hoje e ficar um caos. Vamos tentar manter a linha de qualidade, isso se consegue com subsídio, com um bolsa transporte, vale, qualquer coisa que o governo possa bancar. O que não pode é o empresário bancar, já estamos sacrificados de todas as maneiras”, disse o dirigente.
Motoristas temem licitação
Alternativas para uns, preocupação para outros. A licitação, que poderia resolver os problemas do sistema de transporte, é vista com receio pelos motoristas que trabalham nos coletivos hoje. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários no Estado (Sintetro), Antônio Cardoso, comentou o tema.
“Existe na nossa convenção que o motorista que tenha mais de cinco anos na empresa, ele tem dois anos assegurado de estabilidade, queremos ver como vai vir essa licitação, se ela vai envolver os trabalhadores. A gente sabe que tem coisa que não tem como operar no sistema e vamos analisar como vai ser esse processo”, concluiu.