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Mortes por intervenção policial reduziram 30% no Piauí em 2023

O Piauí reduziu em 30,8% a quantidade de mortes decorrentes de ações policiais em 2023. É isto o que revela o boletim Pele Alvo: mortes que revelam um padrão, divulgado nesta quinta-feira (07) pela Rede de Observatórios da Segurança. Os números apontam que 27 pessoas morreram no Piauí no ano passado em ações nas quais a polícia interveio de alguma forma. Mas o que chama a atenção, segundo o relatório, é que a grande maioria, ou seja, 20 pessoas 74,1% dos mortos, eram pessoas negras.

Tony Silva/O Dia TV
Mortes por intervenção policial reduziram 30% no Piauí em 2023

Mais da metade das mortes por intervenção policial no Piauí aconteceram em Teresina (51,8%). De acordo com o Observatório da Segurança, isto está relacionado com uma concentração dos confrontos e operações estatais na cidade e também ao maior efetivo policial e de viaturas. Além da capital, municípios como Jaicós, Simplício Mendes e Floriano também tiveram mortes registradas por intervenção policial em 2023.

Quase metade das vítimas de intervenção policial no Piauí no ano passado eram pessoas negras e moradoras da periferia, segundo o que apontou o relatório. Quase metade (48,1%) tinha entre 12 e 29 anos, o que revela um impacto sobre jovens e adolescentes vulneráveis.

Redução das mortes pode ser fruto de ações sociais

O relatório Pele Alvo compilou dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação junto à Secretaria de Segurança Pública do Piauí. Organizadora da publicação, a Rede Observatório da Segurança Pública atribui a redução nas mortes por intervenção policial às ações das organizações sociais, culturais e esportivas lideradas pela juventude. No entendimento dos especialistas da entidade, não foi a ação policial que mudou, e sim os jovens que criaram estratégias de sobrevivência em suas comunidades.

“Diante do cenário de marginalização, as chamadas rotas de fuga são fundamentais para a sobrevivência da juventude negra, que encontra em espaços culturais, de lazer e esporte alternativas para se distanciar da criminalização. São movimentos que emergem como formas de apropriação da vida, promovendo identidade, expressão e resistência, permitindo a estes jovens que se mantenham vivos e ativos em suas comunidades”, explica Elton Guilherme, especialista e pesquisador da Rede.

Divulgação
Maioria das mortes se concentra em Teresina onde há maior contingente policial e de viaturas

Além do Piauí, a Rede Observatório da Segurança analisou dados de mortes decorrentes da intervenção policial no Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Neles, foram registradas 4.025 mortes no total, sendo que das 3.169 vítimas com informações de raça e cor, 2.782 ou 87,8% eram negras.

Contraponto

A Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) informa que o estado mantém uma das menores taxas de letalidade policial do Brasil, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2023, dentre as mortes provocadas por agentes do estado no Piauí, 23 mortes foram em confrontos, sendo 17 das vítimas pessoas negras. O referido boletim “Pele Alvo: Mortes que revelam um padrão” foi feito em apenas 9 estados, excluindo aqueles em que a letalidade policial é reconhecidamente alta.

Diferente de outros estados, o Piauí apresenta uma tendência contínua de redução nas Mortes Violentas Intencionais (MVIs) e na letalidade policial. Em 2024, essa redução segue em queda, refletindo os esforços e o compromisso da SSP-PI em garantir uma segurança pública que respeita os direitos humanos e trabalha pela preservação da vida.

A Secretaria reafirma seu compromisso com a segurança da população e continuará investindo em medidas que consolidem esse padrão de redução.


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