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Três em cada dez motoristas do Piauí possuem restrição na CNH por problemas de visão

O número de piauienses com restrições na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em decorrência de problemas de visão quase dobrou entre 2014 e 2024. É o que revelam os dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), que foram analisados e divulgados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Em 2014, 101.789 motoristas piauienses possuíam restrições na CNH por problemas oculares; neste ano, o número subiu para 203.313, uma alta de 100%.

Nathalia Amaral / O Dia
Motoristas com restrição na CNH

Ao todo, 29% dos motoristas possuem uma possuem algum tipo de restrição visual. As mais comuns são: o uso obrigatório de lentes corretivas (202.251); vedado dirigir após o pôr-do-sol (207) e visão monocular (855). O mapeamento divulgado pelo CBO indica que Rio Grande do Norte, Paraíba e Rio de Janeiro são os que apresentam hoje, proporcionalmente, maior volume de CNHs com restrições em relação à população total de condutores. 

Contudo, quando se compara a situação de 2014 em relação a 2024 o cenário muda. Os estados onde o aumento percentual de condutores com restrições foi mais significativo são: Goiás, com 129%; Tocantins (128%); Roraima (125%); Mato Grosso (120%); Acre (119%); Amazonas (110%); Rondônia (103%); Alagoas (103%); Maranhão (102%); e o Piauí (100%).

Diversos fatores contribuem para a crescente demanda por cuidados oculares para os motoristas. O envelhecimento da população, a exposição prolongada às telas de celulares e computadores, o aumento da incidência de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, estresse) e os maus hábitos de vida (alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade) contribuem para o surgimento de problemas de saúde relacionados à visão. Esses elementos enfatizam a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de doenças oculares.

Ao Portal O Dia, o médico oftalmologista Mateus Vilar explicou que a prevenção de problemas oculares passa pelas consultas rotineiras ao consultório oftalmológico e a redução da exposição às telas. “Primeiro, com relação ao envelhecimento, procurar o seu oftalmologista, manter consultas regulares e identificar os problemas assim que surgirem, como o glaucoma, catarata, por exemplo, são doenças tratáveis, que você consegue tratar com medicação, com cirurgia. E tratar doenças preveníveis, como o diabetes, por exemplo, ou de pressão alta, que influenciam na visão também, é superimportante cuidar da saúde ocular e da saúde como um todo”, orienta o médico. 

Reprodução
Mateus Vilar, médico oftalmologista

E com relação às telas, obviamente, tentar diminuir o uso de telas. Sabemos que os jovens hoje, cada vez mais cedo, viram míopes e começam a usar a grau de óculos. A nossa sociedade, cada vez mais dependente das telas e cada vez mais cedo! Estamos vivendo uma pandemia de Miopia. Daí a importância da atividade ao ar livre, que é cada vez mais essencial para tentar prevenir esse estímulo excessivo de telas

Mateus VilarOftalmologista

Diante da alta incidência de raios solares na nossa região, é indicado o uso de óculos. “E àqueles que se expõem muito ao sol, durante o trânsito, ao longo do trabalho, é necessária a utilização de óculos com proteção adequada, contra os raios violeta UVA e UVB, porque isso acaba prevenindo complicações de doenças oculares”, finalizou Mateus Vilar.

Dados nacionais também preocupam

Até 2014, eram 14,4 milhões de CNHs que registravam a exigência de que seus portadores conduzissem veículos obrigatoriamente com o uso de óculos ou lentes de grau. Nesse grupo, também constavam aqueles com restrição para dirigir após o pôr do sol e os que tinham anotação de visão monocular. Em 2024, esse total já alcança os 25,4 milhões – um aumento de 77%. No mesmo período, o crescimento no número total de condutores habilitados foi de 33%.

Atualmente, as restrições visuais respondem por 91% de todas as anotações aplicadas às 27,9 milhões de CNHs emitidas no Brasil. “Os dados mostram a relevância da saúde ocular para a população e reforçam a necessidade de prevenção e diagnóstico precoce de doenças como mecanismo para melhorar a qualidade de vida e a segurança das pessoas”, avalia Wilma Lélis, presidente do CBO.


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