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Dia de São Francisco de Assis: procissão reúne milhares de fiéis em Teresina

Milhares de fiéis se reuniram na tarde desta quarta-feira (04), no Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis, bairro Itararé, zona Sudeste de Teresina, para a tradicional procissão em honra ao santo católico. A procissão é considerada a segunda maior do Nordeste, e fica atrás apenas do Santuário de Canindé, no Ceará. 

São Francisco de Assis, um dos santos católicos mais famosos do mundo, é conhecido por ser o padroeiro dos animais e do meio ambiente. Segundo a fé católica, o santo é considerado também o pai dos pobres. Em sua homenagem, são realizadas missas, novenas, procissões e outras celebrações em Teresina. Em alguns lugares do Brasil, a exemplo de Parnaíba (PI), há até mesmo feriado municipal em alusão a data.

Jailson Soares / O DIA
Procissão reúne milhares de fiéis em Teresina

Com o tema “São Francisco, Coração Ardente de Amor ao Criador e às suas Criaturas”, a procissão, organizada pelo Santuário Arquidiocesano São Francisco de Assis, celebra mais de 40 anos de existência. Este ano, estima-se que mais de 40 mil devem participar do momento. Além disso, o evento é marcado pela presença de fiéis utilizando predominantemente a cor marrom, tonalidade presente nas batinas que representam o santo.

“Celebrar São Francisco é celebrar alguém que amou o Criador em primeiro lugar. Apaixonado pela natureza, apaixonado por Jesus Cristo, ele foi aquele que recebeu as marcas da paixão de Cristo".

Padre Paulo FernandesPároco do santuário de São Francisco de Assis
Jailson Soares/ODIA
Padre Paulo Fernandes explica importância do evento

A missa que antecede a procissão contou com a presença de diversos animais domésticos. De cachorro utilizando prótese para andar até papagaio, todos foram ao local para receber a bênção de São Francisco de Assis. A empresária Kledia Maria Gomes foi uma das fiéis que levou seus cachorros Theo e Lupita, também vestidos de marrom. “Todos os anos eu visto marrom nessa data e hoje quis trazê-los para a missa. Eles não tem problema de saúde, trouxe eles só para serem abençoados”, comentou.

Registros de fé e devoção foram vistos por todas as partes. Em homenagem ao santo, o padeiro Agnaldo Sales Freitas vestiu marrom e destacou que sua fé em São Francisco de Assis se mantém viva dia após dia. “Tenho muita fé nesse santo. Ele curou o meu filho. Hoje ele está com oito anos e eu mantenho a tradição de trazer ele e fazer a caminhada com o pé descalço”, afirmou.

De filho de comerciante a santo: conheça a história de São Francisco

No dia 4 de outubro, milhões de pessoas em todo o mundo celebram o Dia de São Francisco de Assis, um dos santos mais queridos e venerados da Igreja Católica. Para entender melhor a história deste santo que dedicou a sua vida para ajudar os mais necessitados e até hoje inspira a caminhada de muitos fiéis católicos, o Sistema O Dia conversou com o diácono Giovani Batista, vice-chanceler da Arquidiocese de Teresina.

São Francisco de Assis era filho de um rico comerciante. Na juventude, viveu uma vida comum. Mas quando recebeu o chamado de Deus, o primeiro impulso que teve foi o de correr em socorro das pessoas mais pobres e necessitadas. Começou a visitar e servir aos doentes. Desenvolvia espírito de pobreza, humildade e compaixão doando as próprias roupas.

Jailson Soares/ODIA
São Francisco de Assis é considerado o 'pai dos pobres'

De acordo com o diácono, a proposta de Jesus Cristo para a sua Igreja foi exatamente a que o santo vivenciou na sua época. “Ele teve essa experiência com Jesus rezando numa igrejinha de São Damiano, diante de um crucifixo. Lá, Francisco ouviu Jesus falar ao seu coração para reconstruir a Igreja. Ele, naquele momento, pensou que fosse aquela igrejinha que estava se desmoronando. Mas Jesus falou novamente que era a Igreja como um todo”, disse. 

Nessa proposta, ele deixou tudo aos pobres e passou a amar tudo aquilo que Deus criou, evangelizando com a vida, com o testemunho. Por isso, o diácono afirma que São Francisco pode ser visto por muitos fieis como um verdadeiro exemplo do que é ser cristão.

“Muitas vezes se perguntam, o que é ser um cristão? E vem muitas respostas em nossas cabeças: ser cristão é seguir Jesus, ser cristão é imitar Jesus, ser discípulo de Jesus. Mas tudo isto constrói um cristão, porque ser cristão é ser Jesus no aqui e agora da história, porque abraçar o evangelho de Jesus Cristo é fazer o que São Francisco fez por amor, e o amor não tem limites, o amor não tem condições, o amor é uma entrega total”.


Diácono Giovani BatistaVice-chanceler da Arquidiocese de Teresina

A história de São Francisco de Assis envolve grandes feitos. Um deles, e talvez o mais notável, são as chagas de Cristo que surgiram durante um momento de oração no Monte Alverne, na Itália. O que muitos não sabem, por exemplo, é que São Francisco de Assis e das Chagas são a mesma pessoa.

“De repente, no momento de oração, quando ele percebeu, as mãos e os pés dele estavam se abrindo em chagas. Chorando, ele clamava ao Senhor, dizendo: ‘Senhor, eu não sou digno, eu não sou digno’, ou seja, não era digno de receber no seu corpo as mesmas marcas que Cristo teve por causa da sua paixão”, explica o diácono Giovani Batista.

O santo fez da pobreza o fundamento de sua ordem e o amor à pobreza se manifestava na maneira de se vestir, nos utensílios que usavam e nos atos. Outra característica comumente atribuída ao santo, por exemplo, são as vestes de cor marrom. Muitos fiéis, inclusive, relatam que já tiveram graças alcançadas graças a São Francisco de Assis e, em devoção, vestem roupas com a cor marrom em agradecimento ao santo. Os franciscanos, ordem da Igreja Católica fundada em 1209 por Francisco de Assis, também fazem o uso da cor nas suas vestimentas.

Elias Fontenele/Arquivo O DIA
Vestes marrom representam São Francisco de Assis

“O marrom era um tipo de tecido rústico e grosseiro. Se você pensar, o saco de estopa é um saco rústico, que a gente usa para colocar batatas e outras coisas ali dentro. Os franciscanos usam para expressar o seu estado de pobreza, era um tipo de tecido que formava o seu hábito, que não expressava nenhum luxo, nenhuma vaidade, então, caía bem para a realidade que eles queriam viver”, continuou.

Essa figura tão emblemática também tem uma história ligada à natureza e, por isso, é considerado protetor dos animais. Segundo a Igreja Católica, os animais são criaturas criadas por Deus. Dessa forma, o santo ficou conhecido pela maneira com que pregava o amor e cuidado com todas as coisas que Deus criou, inclusive a natureza e os animais.

“Ele amou todas as criações de Deus. A natureza como um todo. Toda a criação foi amada por ele com este mesmo amor que Deus nos ama”, finalizou.