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Suspeita de atropelamento na Ponte da Primavera não foi autuada porque disse que socorreu a vítima

Mariana Bevilaqua, a mulher suspeita de atropelar e matar o motociclista Jucemberg Silva Aguiar em acidente na Ponte da Primavera no último fim de semana, não foi autuada em flagrante no momento do ocorrido, porque disse que tinha prestado socorro à vítima. A informação foi compartilhada hoje (24) pelo titular da Delegacia de Crimes de Trânsito, delegado Carlos César Camelo.

Ele explica que o artigo 301 do Código Brasileiro de Trânsito prevê que, em caso de acidente fatal ou não, quando a pessoa presta socorro à vítima, ela não pode ser autuada em flagrante delito. “É uma exceção legal em que eu cometo um crime, mas não posso ser autuado em flagrante. Não é que o procedimento não vai ser feito, mas o Código de Trânsito privilegiou o atendimento à vítima sobre a não necessidade de um flagrante delito”, explicou o delegado.

Reprodução
Delegado César Camelo, coordenador da Delegacia de Crimes de Trânsito

Carlos César diz que Mariana chegou a ser conduzida pela Polícia Militar para a Central de Flagrantes, mas que sua autuação não ocorreu porque ela afirmou que tinha ligado para o SAMU para socorrer Jucemberg. Até então, o Boletim de Ocorrência do acidente produzido pela PM constava que a vítima havia sofrido lesões graves, mas que ainda se encontrava com vida. Jucemberg morreu a caminho do HUT.

O depoimento de Mariana chegou a ser colhido e o procedimento foi instaurado pelo delegado plantonista da Central, segundo afirmou o delegado Carlos César Camelo. Entre os procedimentos adotados houve a condução de Mariana Bevilaqua ao IML para a realização de um exame de embriaguez.

Isso foi necessário porque ela teria se recusado a fazer o teste do bafômetro no momento do acidente. “O fato é que eu me recusar a me submeter a um teste de bafômetro é um direito. As pessoas não podem produzir provas contra si. Pode ser questionável, criticável, mas ela fez uso deste expediente, ela se recusou. O delegado da Central diante disso requisitou o exame de constatação de embriaguez ao IML. A senhora Mariana foi levada e submetida a um exame clínico perante o perito médico e ele deu um laudo negativo para embriaguez por ela não apresentar sinais de ter ingerido álcool”, detalhou o delegado.

Reporodução/Whatsapp
Acidente aconteceu na Ponte da Primavera, na pista central e revesível

Questionado sobre as denúncias da família de Jucemberg de que a condução dos procedimentos policiais durante e após o acidente terias tido irregularidades, Carlos César Camelo afirmou apenas que se houve alguma irregularidade por parte de algum PM ou policial civil, isso será constatado e o agente irá responder. O titular da Delegacia de Trânsito recomendou que a família de Jucemberg procure as Corregedorias das Polícias Civil e Militar.

Quanto à responsabilização ou não de Mariana Bevilaqua pelo acidente, isso deverá ser apontado ao final do inquérito. “Estamos trabalhando, nossa equipe está atrás de imagens de câmeras da Strans e já oficiamos a Superintendência de Trânsito para dizer quem estava no direito de passagem na ponte naquele momento”, finaliza o delegado.

Arquivo O Dia
Delegado Carlos César Camelo, titular da Delegacia de Crimes de Trânsito

O acidente que tirou a vida de Jucemberg Silva Aguiar aconteceu na pista central da Ponte da Primavera, na zona Leste da capital. Esta pista é reversível, ou seja, possui um sinal que mantém o trânsito livre ora para a zona Leste ora para a zona Norte. No momento da colisão frontal entre o carro e a moto, Mariana, que conduzia um veículo Ônix, trafegava da zona Norte para a zona Leste. Jucemberg seguia em sentido contrário, da zona Leste para a zona Norte.

Conforme o Boletim de Ocorrência produzido pela PM, Mariana ainda conduziu seu carro alguns metros e parou no estacionamento de uma empresa na saída da ponte. Lá, ela teria sido abordada por agentes da ROCAM. Consta no documento que ela foi levada para o Hospital do Buenos Aires para atendimento médico em um carro da própria família sendo acompanhada por uma guarnição da PM.

Suspeita do atropelamento não é bombeira militar

Ao contrário do que circulou pelas redes sociais, Mariana Bevilaqua não é bombeira militar nem possui qualquer vínculo com a corporação. Ela foi apenas aprovada no concurso dos Bombeiros, mas ainda não havia concluído o seletivo. Em nota, o Corpo de Bombeiros do Piauí esclareceu que não vai se manifestar sobre o assunto, “pois a envolvida em questão, apesar de aprovada, não é militar e ainda passa por várias etapas do certame”.


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