Um estudo nacional apontou a cidade de Teresina com um dos maiores avanços na coleta e tratamento de esgoto do Brasil. O levantamento mostra que a capital registrou, entre 2018 e 2022, um aumento de 5,92% no tratamento de esgoto, a taxa é a segunda maior evolução do nordeste brasileiro, atrás apenas da cidade de Aracaju. Já quanto a coleta de esgotos a capital do Piauí registrou uma evolução de 11,81 pontos percentuais, o quarto maior índice da região. Nos últimos sete anos Teresina evoluiu 40% na cobertura do esgotamento, triplicando as áreas atendidas.
Os números estão no estudo “Avanços do Novo Marco Legal do Saneamento Básico no Brasil – 2024” publicado pelo instituto “Trata Brasil”.
Puxados pela elevação da capital os índices estaduais também registraram elevação. No tratamento de esgoto o Piauí evoluiu 5,05%, quanto a coleta de esgoto o estado teve uma elevação 5%.
No período de cinco anos avaliados pelo estudo o Piauí registrou um investimento de R$ 886 milhões, destes R$ 495 milhões foram aportados no sistema de tratamento e distribuição de água, R$ 173 milhões no sistema de esgotamento e R$ 217 milhões na gestão dos serviços. Do montante total aportado 95% foi investido pela empresa prestadora dos serviços, R$ 842 milhões, e apenas R$ 43 milhões foram investido pelos municípios.
Responsável pelos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto da capital desde 2017, a concessionária Águas de Teresina, através do diretor-presidente Jacy Prado, fez uma avaliação dos números.
“Desde 2017, quando a gente começou a concessão, nós investimos muito mais na parte de água. Tínhamos uma falta d’agua crônica na cidade e o teresinense sofria bastante. Em apenas dois anos e meio a gente conseguiu universalizar o abastecimento de água na zona urbana da cidade. A partir de 2019 começamos a investir na parte de esgotamento sanitário. Assumimos a cidade com aproximadamente 19% de cobertura de tratamento e estamos fechando com uma cobertura de 59%,60%. Estamos triplicando a cobertura”, explica o gestor.
O relatório produzido pelo “Trata Brasil” mostra um cenário preocupante quando o assunto é o marco regulatório do saneamento básico no Brasil. No atual ritmo, a universalização do saneamento só acontecerá em 2070, o que representa um atraso de 37 anos em relação à data limite estabelecida pela lei, que é 2033.
O contexto nacional contrasta com Teresina, segundo Jacy Prado a capital piauiense atingirá a meta estabelecida pelo marco regulatório.
“A gente tem um plano bem definido, nosso plano de negócios já está aderente ao marco regulatório do setor. O marco nos diz que todas as cidades tem obrigação de estarem universalizadas até 2033, a gente vai conseguir fazer isso em Teresina. Estamos com aproximadamente 60% de cobertura sanitária, devemos evoluir para 80% em 2028 e a partir daí a gente chega a 90%, universalizando o setor, até 2033 que é a nossa data limite. O trabalho inicial foi muito focado na rede de esgotamento da região central e agora vamos estender para as zonas mais periféricas”, finalizou.
Redução de doenças
Além do benefício econômico e social motivado pela evolução sanitária, o aumento na cobertura de saneamento também impacta a saúde da capital.
“Os dados do relatório são de 2022, uma análise atual, provavelmente em 2024, mostraria que Teresina já estaria um pouco mais a frente no esgotamento sanitário. Uma coisa importante que dá para ver na cidade são os dados com relação a internação por diarreia. Em 2023 tivemos uma redução de 68% do quadro de internações por diarreia, representando um quadro de uma economia na saúde pública importante. Essas doenças são relacionadas a falta de água de qualidade e falta de esgotamento nas residências”, afirmou Jacy Prado.
Segundo o diretor-presidente da Águas de Teresina a economia na capital ultrapassa R$ 4 bilhões.
“Se a gente pegar a organização mundial de saúde ela vai dizer que a cada R$ 1 investido em saneamento se economiza entre R$ 4 e R$ 6. Dá para contabilizar pelos investimentos que já fizemos em Teresina, que somam aproximadamente R$ 1 bilhão, a gente tem uma economia importante em Teresina”, finalizou.
Universalização do saneamento será difícil no âmbito nacional
De acordo com o estudo o cenário atual é precário: cerca de 32 milhões de brasileiros vivem sem acesso à água potável e mais de 90 milhões não têm coleta de esgoto. A lei do marco do saneamento básico estabeleceu que todas as localidades brasileiras devem atender a 99% da população com abastecimento de água e 90% com esgotamento sanitário até 2033.
Entre 2018 e 2022, último ano com dados disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) até o momento, o país não apresentou uma evolução significativa nos indicadores de saneamento básico. A escolha desse recorte temporal, segundo o órgão, “visa refletir os períodos anterior e posterior à aprovação do Novo Marco Legal do Saneamento Básico, que ocorreu na metade desse intervalo”.
As evoluções do atendimento de água, coleta e tratamento de esgoto foram de 1,30 ponto percentual, 2,85 pontos percentuais e 5,98 pontos percentuais, respectivamente. Embora o indicador de tratamento de esgoto tenha mostrado a melhor evolução, segue sendo o mais distante da meta de universalização.