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Crianças viciadas em jogos digitais: como reconhecer os sintomas e o que fazer?

O vício em jogos digitais já é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno, o chamado gaming disorder

21/09/2024 às 16h31

21/09/2024 às 16h31

Nos dias atuais, crianças e adolescentes estão cada vez mais conectados e expostos a jogos digitais. Embora a tecnologia tenha se tornado uma parte importante do cotidiano, seu uso excessivo pode levar a sérios problemas de saúde mental, com consequências significativas para o desenvolvimento. O vício em jogos digitais já é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno, o chamado gaming disorder, e especialistas alertam sobre os riscos crescentes.

Crianças viciadas em jogos digitais: como reconhecer os sintomas e o que fazer? - (Freepik) Freepik
Crianças viciadas em jogos digitais: como reconhecer os sintomas e o que fazer?

De acordo com o estudo TIC Kids Online de 2022, 59% das crianças entre 9 e 10 anos jogam online todos os dias ou quase todos os dias, e essa porcentagem continua alta à medida que a idade avança. Para adolescentes entre 15 e 17 anos, o número chega a 55%. Esses dados reforçam o quanto a exposição prolongada e sem controle aos videogames pode impactar negativamente o desenvolvimento emocional e social dos jovens.

O primeiro passo para identificar o vício é reconhecer os sintomas, que muitas vezes vão além das horas passadas em frente à tela. Em entrevista ao Bom Dia News, da O Dia TV, a neuroeducadora Andrea Kiss explica que o problema vai além do tempo de uso. "Não estamos falando sobre o não uso da tecnologia, mas sim sobre a importância de impor limites. Os pais precisam observar não apenas as horas jogadas, mas o comportamento da criança e do adolescente."

Quais são os sintomas?

Entre os principais sinais de dependência, Kiss destaca a irritabilidade e a insatisfação com a vida fora da tela. "Crianças viciadas não sabem mais o que fazer fora do mundo digital. Elas perdem o interesse por atividades físicas, pelo convívio com amigos e até pela escola", explica. Outros comportamentos comuns incluem:

- Mudanças de humor abruptas: A falta de jogos pode gerar reações de extrema irritabilidade e, em casos mais graves, de isolamento social.

- Dificuldade de concentração: O uso prolongado de jogos pode afetar a capacidade de foco em outras atividades, como os estudos.

- Alterações no sono: Crianças e adolescentes viciados frequentemente apresentam distúrbios de sono devido ao tempo excessivo em frente às telas, o que impacta diretamente sua saúde física e mental.

- Insensibilidade emocional: O excesso de exposição a jogos violentos pode diminuir a empatia e a capacidade de entender o outro.

O primeiro passo para identificar o vício em jogos é reconhecer os sintomas - (Freepik) Freepik
O primeiro passo para identificar o vício em jogos é reconhecer os sintomas

O impacto dos jogos digitais no desenvolvimento

Estudos já mostram que o vício em videogames pode ter efeitos semelhantes ao uso de drogas ou álcool no cérebro infantil. "A exposição excessiva a jogos digitais pode inibir o foco e a capacidade de tomar decisões fora do ambiente virtual", alerta Kiss. Isso pode interferir no desenvolvimento escolar e no relacionamento familiar.

A OMS também alerta para os danos psicológicos causados pelo vício em jogos digitais. Crianças que jogam videogames violentos, por exemplo, podem desenvolver depressão e insensibilidade emocional. Embora o uso adequado dos games não prejudique o convívio familiar, o excesso pode ser prejudicial.

Como os pais podem agir?

Para ajudar crianças e adolescentes que já mostram sinais de dependência, o papel dos pais é crucial. Andrea Kiss ressalta a importância de estabelecer limites claros para o uso da tecnologia. "Os pais não precisam proibir os jogos, mas gerenciar o tempo de exposição e incentivar atividades fora das telas", recomenda. Aqui estão algumas medidas práticas que os pais podem adotar:

- Estabelecer horários: Limitar o tempo de uso dos videogames é essencial para garantir que outras atividades, como exercícios físicos e estudos, também sejam realizadas.

- Usar controles parentais: Muitos consoles de videogame e aplicativos oferecem ferramentas para os pais monitorarem o tempo de uso e os tipos de conteúdo acessados pelas crianças.

- Conversar abertamente: O diálogo é fundamental. Explicar os riscos do uso excessivo e combinar regras claras pode ajudar os jovens a entenderem a necessidade de equilibrar o tempo entre a vida online e offline.

- Incentivar atividades alternativas: Oferecer opções de lazer fora da tecnologia, como esportes, leitura ou brincadeiras ao ar livre, pode ser uma maneira eficaz de desviar a atenção dos jogos.

Kiss enfatiza que, em casos mais graves, onde os sintomas de dependência já estão instalados, pode ser necessário buscar ajuda profissional. "Muitas mães relatam que seus filhos perdem o interesse por tudo que não seja o jogo. Nessas situações, o apoio de um psicólogo ou neuroeducador pode ser crucial para ajudar a criança a reestruturar sua rotina."

O papel das políticas públicas e da educação

Embora o problema do vício em jogos digitais seja cada vez mais comum, ainda faltam políticas públicas específicas para lidar com essa questão. No entanto, Andrea Kiss alerta que os pais e educadores não podem esperar que soluções externas sejam implementadas rapidamente. "Precisamos de uma rede de apoio, onde os pais, educadores e profissionais de saúde mental trabalhem juntos para gerenciar o uso da tecnologia em casa e nas escolas", conclui.

O vício em jogos digitais é um problema crescente, mas com informação e suporte, é possível ajudar crianças e adolescentes a usarem a tecnologia de forma equilibrada e saudável. Como ressalta Kiss, "o objetivo não é banir os videogames, mas sim garantir que as crianças saibam usar essas ferramentas de forma positiva e que consigam viver bem tanto no mundo digital quanto no real."

Veja a entrevista completa no Bom Dia News:


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