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Eclampsia é a principal causa de morte materna no Piauí

Entre os principais sintomas de eclampsia estão: convulsões, dor de cabeça intensa, inchaço nas mãos e pés.

29/05/2024 às 13h54

29/05/2024 às 13h54

Dados divulgados pelo Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), na última terça-feira (28), no Dia Nacional pela Redução da Mortalidade Materna, apontam que a eclampsia é a principal causa de morte materna durante a gravidez, parto e puerpério. A eclampsia é um transtorno hipertensivo caracterizado por episódios repetidos de convulsões, seguidos de coma, que pode levar à morte. No Piauí, de 2018 a 2024, 25,7% dos óbitos maternos foram causados por eclampsia.

De acordo com a coordenadora de Atenção à Saúde da Mulher da Sesapi, Auzenir Moura Fé, a eclampsia pode ser evitável com melhor assistência no pré-natal, parto e puerpério, em todos os níveis de atenção. Entre os principais sintomas de eclampsia estão: convulsões; dor de cabeça intensa; hipertensão arterial; aumento de peso rápido devido à retenção de líquido; inchaço das mãos, pés e face; perda de proteínas pela urina, entre outros.

Eclampsia é a principal causa de mortes maternas no Piauí - (André Borges/Agência Brasília) André Borges/Agência Brasília
Eclampsia é a principal causa de mortes maternas no Piauí

“Eu sempre digo que a eclampsia é uma situação que não chega da noite para o dia. Ela chega depois de vários dias, semanas e até meses avisando que está chegando. É preciso identificar e estratificar o risco, valorizar a queixa e os sintomas da gestante para que seja identificada precocemente e a morte seja evitada”, afirma.

Contudo, além da eclampsia, outras causas de morte materna merecem atenção. Segundo informações do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, as principais causas dos óbitos maternos no Piauí ao longo do período de 2018 a 2024 foram as causas obstétricas diretas. Além da eclampsia, também são responsáveis pelos óbitos: as hemorragias (13,7%), infecções puerperais (8,5%), complicações de aborto (5%), embolia (2,8%), complicações anestésicas (0,8%), outras afecções e complicações obstétricas (32,3%), covid-19 (11,3%).

Segundo a coordenadora de Atenção à Saúde da Mulher da Sesapi, a meta do Brasil é reduzir até 2030 a taxa de mortalidade materna para, no máximo, 30 mortes por 100 mil nascidos vivos. Em 2023, esse número foi de 48,4 por 100 mil nascidos vivos. O estado do Piauí, com o objetivo de se adequar às metas globais e à meta do Brasil, estabeleceu o Plano Estadual de Ação para Redução da Mortalidade Materna e na Infância.

“O resultado esperado era reduzir em 21,5% a razão da mortalidade de 2019 a 2023. Sair de 83,56 para 54,5 em 2023. E nós conseguimos. Em 2023, a razão de mortalidade materna foi de 54,7 por 100 mil nascidos vivos. Embora esteja em fase de redução, ainda somos um estado com alta razão de mortalidade materna, mas temos a alegria de dizer que estamos em uma tendência decrescente de óbito materno e isso nos fortalece porque mostra que estamos no caminho de reduzir a morte materna no nosso estado”, destaca.

O grupo de mulheres com idades entre 20 e 29 anos concentra o maior número de óbitos maternos no Piauí. De 2011 a 2023, 42% dos óbitos registrados foram de mulheres com idade entre 20 e 29 anos, 37% no grupo entre 30 e 39 anos, 13% no grupo de adolescentes entre 15 e 19 anos, 5% no grupo de 40 a 49 anos e 1,8% eram meninas com idades entre 10 e 14 anos.

Já em relação ao número de óbitos infantis, Auzenir Moura Fé explica que o levantamento demonstra que a maioria dos óbitos são evitáveis com maior assistência à gestação. Em 2022, 57% dos óbitos infantis poderiam ser reduzidos com melhor assistência à gestação. Em 2023, esse índice foi de 54%. “Podemos inferir que houve uma melhoria nesses dois anos da qualidade da assistência à gestante e isso repercutiu na mortalidade infantil. Isso mostra a necessidade que a gente cuide da gestante, porque cuidando dela, estaremos cuidando dos bebês”, finalizou.

Para o presidente do Comitê, Arimatea Santos, o órgão vem desenvolvendo ações importantes de mobilização dos municípios. "É importante a implantação dos comitês municipais, regionais e hospitalares, descentralizando as ações de vigilância e investigações de óbitos assim como provocando discussões técnicas no formato de Fóruns Microrregionais que envolvem os fatores determinantes e que impactam nas principais causas de mortalidade", afirma.

Para a vice-presidente do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, Joselma Oliveira, o Governo do Estado vem focando em ações de controle e prevenção. “Só assim iremos atingir os melhores resultados nos indicadores de mortalidade materna e, uma rede com serviços e ações qualificadas”, finaliza.


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