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BR-316: sucatas são removidas após acidente, mas pedestres denunciam carros nas calçadas

Portal O Dia foi ao local do atropelamento que vitimou duas mulheres; sucatas que obstruíam calçada foram retiradas mas carros e motos estacionados ainda obrigam pedestres a caminhar pela via.

09/10/2024 às 12h15

O trágico acidente na BR-316, que vitimou duas mulheres e deixou outras duas crianças feridas, levantou um questionamento sobre as calçadas que estavam ocupadas por sucatas, o que impediu as vítimas de transitarem no local destinado para pedestres e irem caminhando na via. A reportagem do Portal O Dia voltou ao local do atropelamento nesta quarta-feira (9) e constatou que as sucatas que obstruíam a calçada foram retiradas. Porém em vários pontos da BR, carros, motos e até caminhões estacionados de forma irregular sob as calçadas acabam obrigando os pedestres a caminhar no acostamento, destinado aos veículos.

Pedestres se arriscam na BR-316; veículos estacionados irregularmente obstruem calçadas. - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Pedestres se arriscam na BR-316; veículos estacionados irregularmente obstruem calçadas.

No perímetro urbano da rodovia, em vários pontos há veículos estacionados de forma inapropriada em cima de calçadas. Como a rodovia concentra locais de venda de peças de sucatas e até mesmo oficinas mecânicas de pequeno e grande porte, muitos clientes param ou estacionam carros, motos e até caminhões e carretas por sobre as calçadas para receber o atendimento. E isso obstrui a circulação de pedestres nas calçadas, que se veem obrigados a caminhar pela rodovia, o que representa um risco de acidentes.

Calçada que antes era ocupada por sucata foi limpa dois dias após acidente. - (Jailson Soares/O Dia) Jailson Soares/O Dia
Calçada que antes era ocupada por sucata foi limpa dois dias após acidente.

Por cerca de uma hora, nossa equipe de reportagem flagrou pessoas andando na BR próximo aos carros, que andam na velocidade permitida na rodovia. Uma dessas pessoas que se arrisca diariamente é a Luana Rafaela, que é autônoma. Parte do trecho que a moradora faz da casa dela para a academia durante a manhã é feito fora da calçada.

A gente passa todo dia aqui, mas sempre tem uns carros no meio (da calçada). A gente continua passando na BR. Todos os dias, na ida e na volta, estão os carros lá no meio. É moto, é carro estacionado. Não adianta. A gente continua passando pela BR, arriscando a nossa vida

Luana RafaelaAutônoma
Sucatas são removidas após acidente na BR-316 - (Assis Fernandes / O DIA) Assis Fernandes / O DIA
Sucatas são removidas após acidente na BR-316

O problema é constante e ainda conta com a falta de compreensão de parte dos condutores que estacionam irregularmente. Jaqueline Sousa, que também precisa fazer um percurso diariamente pela BR, já viveu uma situação deste tipo. “A menina aqui (uma colega que estava ao lado) reclamou com o homem sobre um caminhão na calçada e ele falou coisa com a gente. Falou que a gente tinha que passar pela BR mesmo, pelo asfalto, com ignorância”, relatou Jaqueline.

Moradores chamam a atenção para o risco de acidentes com crianças

Alguns trechos da BR-316 são próximos de unidades escolares. E o fluxo de crianças e adolescentes, sobretudo nos horários de pico (7h, 12h e 17h), é grande. Moradores da região afirmam que o risco de acidentes envolvendo estudantes é dobrado na rodovia. Muitos inclusive atravessam a BR sem passar pelas passarelas próxima a Casa de Custódia ou pela passarela do Bela Vista. Francielle Rayelle afirmou que esse risco de fato existe.

No horário de meio-dia tem as crianças que vão para escola, que tem que passar por aqui. Ou as que tem do outro lado tem escola. Como é que a gente faz para passar? Vão esperar morrer mais gente? 

Francielle RayelleDona de Casa
 - (Assis Fernandes / O Dia) Assis Fernandes / O Dia
Ainda há pedestres que se arriscam a atravessar as pistas da BR-316 - (Assis Fernandes / O Dia) Assis Fernandes / O Dia
Ainda há pedestres que se arriscam a atravessar as pistas da BR-316

O que diz a PRF?

A reportagem do Portal O Dia entrou em contato com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) que é o órgão responsável pelo combate a infrações de trânsito nas rodovias federais que cortam o Estado. O Inspetor Alexsandro Lima explicou que são muitas as infrações com relação a estacionamento em local que são registradas. "A PRF realiza este trabalho constantemente, autuando os condutores que estacionam em locais proibidos, inclusive em cima da rodovia", disse o porta-voz da PRF-PI.

Strans remove sucatas das calçadas na Avenida Maranhão

Dando continuidade aos trabalhos de limpeza das calçadas de passeio em Teresina no sentido de desimpedir a passagem de pedestres, a Strans (Superintendência de Transporte e Trânsito de Teresina) está fazendo também a remoção de sucatas das calçadas na Avenida Maranhão. Conforme explica Jomerito Ribeiro, agente da Strans, se o veículo está em situação de abandono nas calçadas há mais de dez dias, deve ser removido.

Strans remove sucatas das calçadas na Avenida Maranhão - (Jailson Soares/O Dia) Jailson Soares/O Dia
Strans remove sucatas das calçadas na Avenida Maranhão

“A princípio, estamos fazendo um trabalho de notificação. Após a primeira notificação, fazemos a segunda. Os responsáveis têm um prazo de dez dias para fazer a limpeza do local, tirar o lixo e a sucata. Veículos em situação de abandono não precisa nem esperar os dez dias para ser removido”, explica.

Jomerito Ribeiro é agente da Strans - (Jailson Soares/O Dia) Jailson Soares/O Dia
Jomerito Ribeiro é agente da Strans

Junto às SAADs, à Semduh e o Ministério Público, a Strans está montando uma força-tarefa para limpar as calçadas de passeio e garantir aos pedestres a livre passagem. Jomerito Ribeiro lembra que o primeiro trabalho é, na verdade, de conscientização. “Pedimos que os responsáveis removam seus veículos abandonados para a propriedade privada. A área é pública e independente de sucata ou não, eles serão removidos”, finaliza o representante da Strans.

Ele lembra que estacionar veículo em calçada de passeio incorre em multa de R$ 195,27, conforme o Código de Trânsito Brasileiro.


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