A gestão do prefeito Silvio Mendes tem apenas 24 dias e o tom adotado por todos os vereadores é o de que não haverá uma oposição ao trabalho do gestor. Os argumentos se baseiam no fato dele ter encontrado a cidade em terra arrasada pela gestão de seu antecessor, Dr. Pessoa, e precisar neste momento da união de esforços entre todos para reconstruir Teresina.
Quem acompanha política sabe que não é só isso. Esse sentimento de não fazer oposição também se baseia no interesse dos parlamentares em compor a base do prefeito e ter direito a indicação de cargos na estrutura administrativa do executivo, além de uma rápida liberação de recursos de emendas parlamentares e acesso a outros benefícios que a sombra do poder oferta. Ninguém tá errado.
Até a bancada do PT, do Solidariedade, do PDT e de outros partidos que, em tese, deveriam fazer oposição, já compraram integralmente o discurso da “independência”. Tudo para ficar em cima do muro, pendendo claro para o lado da sombra.
No entanto, esse modelo de fazer política adotado pelos vereadores, o de só existir base aliada e no máximo independência, acaba com o modelo tradicional de oposição. E isso prejudica a cidade, a política e a sociedade.
Ninguém cumpre melhor o papel de parlamentar do que um opositor. Afinal de contas, a fiscalização do executivo é a principal missão de um vereador. Elaborar leis não deveria ser a prioridade do parlamento no Brasil, já temos leis demais e o que falta é exatamente a fiscalização do cumprimento delas.
A oposição contribui com a sociedade à medida que fiscaliza a aplicação do dinheiro, ou falta dela, na merenda escolar, na contratação de professores, na falta de medicamentos, no conserto de vias esburacadas, na ausência de uma política eficiente de mobilidade urbana, na falta de moradia, enfim. Não é com uma unanimidade governista que a cidade vai ser fiscalizada. E por mais que Silvio Mendes tenha o perfil de gestor experiente e eficiente, todo político precisa ter oposição.
Mas se a Câmara de Vereadores de Teresina fechou os olhos até para os problemas da gestão de Dr. Pessoa, não vai ser com Silvio Mendes, com histórico de bom gestor, que devemos esperar uma oposição aguerrida.
