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Cemitério Cadelinha Sasha: Um lugar de repouso eterno para companheiros fiéis

O espaço está localizado nas instalações da UFPI e foi inaugurado em 2009.

29/08/2023 às 09h47

28/09/2023 às 02h11

Um lugar especial em Teresina oferece um tributo carinhoso aos companheiros peludos que enchem nossas vidas de alegria e amor incondicional. O cemitério "Cadelinha Sasha", localizado nas instalações da Universidade Federal do Piauí (UFPI), zona Leste da capital, se destaca como um espaço dedicado a homenagear e honrar os animais de estimação que fizeram parte das famílias da região.

Cemitério Cadelinha Sasha - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Cemitério Cadelinha Sasha

Inaugurado em 2009, o cemitério foi idealizado pelo antigo diretor do Hospital Veterinário Universitário da UFPI (HVU-UFPI), Dr. João Macedo de Souza, e surgiu como uma iniciativa pioneira na cidade, refletindo o crescente reconhecimento da importância dos animais de estimação nas vidas de seus tutores. A ideia por trás do cemitério é oferecer um lugar de descanso final para esses companheiros de quatro patas, permitindo que seus donos expressem sua gratidão e carinho duradouro de maneira significativa.

O local tem atualmente mais de mil animais sepultados e é o único do Brasil, dentre os 42 hospitais veterinários universitários que existem no país. Quem explica mais é a atual diretora do HVU-UFPI, Dra. Taciana Tenório.

A gente tenta atender a demanda, embora seja uma procura grande pela sociedade, mas o que a gente consegue atender nós atendemos da melhor forma. Os proprietários que já tem jazigo eles vêm à recepção do hospital onde preenchem a ficha novamente e vão até o coveiro para fazer o sepultamento

Dra. Taciana TenórioDiretora do HVU-UFPI
Dra. Taciana Tenório, diretora do HVU-UFPI - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Dra. Taciana Tenório, diretora do HVU-UFPI

O cemitério Cadelinha Sasha é mais do que um local de sepultamento, é um espaço projetado para proporcionar conforto e reflexão. Taciana ressalta ainda a importância do animal para o tutor, haja vista que o bichinho muitas das vezes é considerado como parte querida da família.

“Isso é um momento muito importante para a família e os donos do animal, pois os animais de estimação, sejam eles cães ou gatos, para várias pessoas eles fazem parte da família. Hoje, não somente esse cemitério, mas há outros cemitérios particulares em Teresina e região onde procuram dar um destino adequado ao animal”, explicou Taciana Tenório.

Cada sepultura é cuidadosamente preparada e marcada com um memorial personalizado, muitas vezes incluindo fotografias, nomes, datas e mensagens tocantes, feitas pelos próprios tutores. Essas homenagens individuais capturam a personalidade única de cada animal e celebram os momentos compartilhados ao longo dos anos.

Cemitério Cadelinha Sasha - (Assis Fernandes/ODIA) Assis Fernandes/ODIA
Cemitério Cadelinha Sasha

O coveiro Mateus dos Santos Silva conta que vários tutores chegam no local bastante consternados. Ele afirmou que os animais mais inusitados que foram enterrados no local foram um pássaro e uma tartaruga: “As pessoas me ligam antecipadamente para fazer a sepultura. Muitas pessoas vem aqui, principalmente no dia de finados. Os tutores quando chegam ficam bastante emocionados. Nós temos uma dona que vem todo dia aqui no cemitério. Ela chora, rega as plantas, e trás até o próprio jardineiro dela para a poda e outros serviços”, disse.

Ao proporcionar um lugar de descanso eterno para os animais de estimação e ao cultivar uma atmosfera de apoio emocional, o cemitério Cadelinha Sasha se tornou um símbolo da dedicação atemporal que as pessoas têm por seus fiéis companheiros. Ele reforça a conexão profunda entre humanos e animais, uma ligação que transcende as barreiras do tempo e da vida.

Do amor a dor

Ao PortalODia.com, a advogada Ana Selma Teixeira (48) conta como foi a convivência de 10 anos com seu cachorro da espécie yorkshire, batizado carinhosamente como “Bell Marques”, em homenagem ao famoso cantor baiano de axé. “Bell”, que morreu em 2019, era o xodó da advogada. Ela relatou a nossa reportagem como ficou após a partida do seu cão, onde teve até um quadro depressivo depois da partida de cãozinho.

Ana Selma e o falecido Reprodução/Arquivo Pessoal
Ana Selma e o falecido "Bell"

“Desde criança eu sempre fui louca por animais, inclusive, eu me questionava o porquê de não ser médica veterinária. Eu também tinha muita vontade de ter cachorro e a raça yorkshire. Quando adulta eu peguei o Bell e até hoje ele é tratado como meu filho. A morte dele me levou a uma grande depressão”, disse a tutora.

Selma conta, ainda, que tentou reverter os problemas de saúde do animal de todas as formas, mas infelizmente o cachorro morreu em decorrência de problemas renais. Ela conta que resolveu fazer o sepultamento do cachorrinho por receio de ter problemas futuros ao enterrar em local inapropriado.

“De tanto amar o Bell e os animais eu virei protetora. Ouvindo colegas da área eu fiquei sabendo do cemitério. Foi quando eu tive a ideia de enterrá-lo em um local como qualquer outro ser vivo, onde eu pudesse ir sempre que eu quisesse e eu tinha muito medo de enterrar em casa e acontecer algum problema”, detalhou a advogada.

Ana Selma e Reprodução/Arquivo Pessoal
Ana Selma e "Bell"

Bastante emocionada, Ana Selma informou que desde a morte do cão vai ao cemitério visitá-lo, além de dizer que sente-se mais próxima de Bell quando vai ao local.

“Eu fico muito feliz quando eu vou lá e ao mesmo tempo que eu fico triste quando eu estou chegando. Quando eu estou lá parece que eu estou bem perto dele e fico mais aliviada pela perda dele. Eu amo demais ele e é como se fosse um amor de mãe.

Esperança de reencarnação

Ao O Dia, a advogada argumentou ainda que, para suprir a perda de Bell, resolveu adotar outros dois animais da mesma espécie cinco meses após a morte de Bell, um macho que também se chama Bell e uma fêmea chamada Jade: “Depois de alguns meses, eu comprei mais dois cachorros da mesma raça para substituir o Bell, mesmo sabendo que isso não seria possível. Quando você gosta é impossível ficar longe de cachorro”, relatou.

Por acreditar em reencarnação, Selma afirmou que batizou o novo animal macho também de Bell, além de ressaltar o amor e a saudade que tem ainda do falecido animal.

“Eles são primos do Bell original e, apesar de ser católica, eu tinha muita esperança do Bell retornar e reencarnar no meu cachorrinho, no Bell novo. Eu li algumas coisas do Chico Xavier e ele gostava muito de animais também. Amo meus novos bichinhos, mas meu amor eterno é o Bell”, relatou Ana Selma.

Sepultamento

O processo de sepultamento no cemitério é conduzido com sensibilidade e respeito. Aos interessados, é necessário realizar um cadastro prévio com os dados do tutor e do animal no Hospital Veterinário Universitário (HVU-UFPI), que fica localizado na rua Dirce Oliveira, bairro Ininga, dentro da UFPI. Além disso, é obrigatório o pagamento de R$ 100 pelo sepultamento e há ainda a taxa de R$ 300, destinada à construção do jazigo que irá homenagear o animal, seja ele cão ou gato.

Por conta da alta demanda, a quantidade de jazigos encontra-se escassa. Atualmente, mais de 1 mil animais estão sepultados.

“Estamos fazendo uma adequação quanto aos novos jazigos e atender a população de forma mais imediata. Mas os que já tem jazigo eles pagam a taxa e o sepultamento e a gente imediatamente entra em contato com o coveiro, que fica de segunda a sexta, em horário comercial, no cemitério”, relatou.

Neste local especial, as memórias de amizade e afeto permanecem vivas, lembrando-nos do amor incondicional que nossos queridos amigos peludos trouxeram às nossas vidas. O cemitério Cadelinha Sasha na UFPI é um testemunho tocante dessa relação especial que transcende o tempo.

Revitalização do cemitério

O cemitério Cadelinha Sasha está em trâmites para uma revitalização. Segundo as informações, o local deverá passar por reforma na fachada, nos assentos aos visitantes, banheiros e demais ambientes para melhor atender a população.

Com edição de Nathalia Amaral.