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Zona Norte concentra o maior número de focos de dengue em Teresina, diz Zoonoses

Terrenos baldios e lagoas são os locais que mais preocupam os órgãos de controle da doença.

05/05/2023 às 14h04

28/09/2023 às 09h48

A partir deste mês de maio a chuva deve começar a dar uma trégua em Teresina. Mas os riscos que estes temporais trazem devem permanecer por mais tempo. A cidade fica úmida e as poças de água que se formaram enquanto chovia não se desfazem tão facilmente. É justamente nestes locais que mora o perigo: a proliferação do Aedes aegypti, mosquito causador da dengue.

Agente de Endemias - Dengue - ((Foto: Assis Fernandes/O DIA)) (Foto: Assis Fernandes/O DIA)
Agente de Endemias - Dengue
Qualquer lugar com água acumulada é propício para se tornar um criadouro: garrafas, vasos de plantas, jarros e afins. Os agentes de endemia da Gerência de Zoonoses atuam diretamente nas residências dos teresinenses fiscalizando a incidência de focos do mosquito da dengue e acabando com eles. O problema é quando o local do foco não é uma casa. Terrenos baldios, cemitérios e sucatas, por exemplo, se transformam em verdadeiros criadouros do mosquito e nem sempre os agentes da Zoonoses conseguem ter acesso a estas dependências.Aqui em Teresina, a zona que mais inspira cuidados por parte do poder público é a Norte. Isso porque a área concentra uma grande quantidade de terrenos baldios e lagoas. Quem explica é o gerente de Zoonoses, Paulo Marques. “Sempre na zona Norte o número de ovos recolhidos é maior, principalmente no entorno do bairro São Joaquim, onde há muitas lagoas com possibilidade de receber água da chuva e ela ficar parada por uns dias recebendo ovos do mosquito”, diz.
Agente de endemias - Dengue - ((Foto: Assis Fernandes/O DIA)) (Foto: Assis Fernandes/O DIA)
Agente de endemias - Dengue
Para evitar que estes locais representem ainda mais risco para a população que vive no entorno, os agentes de endemias montam pequenas “armadilhas” para o mosquito. A principal delas é a ovitrammpa, um mecanismo que simula o ambiente para procriação do Aedes aegypti e consiste de um vaso de planta preenchido com água parada para atrair o mosquito.Nele, são colocadoas palhetas de um material chamado Eucatex, que facilita que os ovos depositados pelas fêmeas fiquem grudados e sejam posteriormente recolhidos. Segundo Paulo Marques, só em 2022 foram retirados cerca de 750 mil ovos de Aedes aegypti só com o uso das ovitrampas. A maior estava concentrada justamente na zona Norte. Isso porque estas ovitrampas são instaladas especialmente próximo a terrenos baldios, cemitérios e sucatas.

Outro local que chama a atenção da Zoonoses são as repartições públicas, onde é comum serem encontrados ovos de mosquito da dengue em lixeiras. “A gente tem uma equipe para andar especialmente em órgãos públicos, porque nestes locais é comum as pessoas descartarem copinhos de plástico cheios e vasilhas de quentinha que acumulam água e se tornam criadouros. Por isso é tão difícil dizer que vamos acabar com todos os focos. Eles estão nos locais mais inimagináveis possíveis”, explica o gerente de Zoonoses.

Paulo Marques, gerente do Centro de Zoonoses - ((Foto: Assis Fernandes/O DIA)) (Foto: Assis Fernandes/O DIA)
Paulo Marques, gerente do Centro de Zoonoses
Paulo Marques pede atenção da população faz um apelo para que as pessoas abram as portas de casa para receber os agentes de endemia e permitam a eles fiscalizar possíveis focos para evitar que um problema que poderia ser evitado se torne outro ainda maior: a superlotação do sistema de saúde público com a quantidade de pessoas adoecidas por dengue.Dados da Fundação Municipal de Saúde (FMS) apontam que há 2.243 casos notificados de dengue em Teresina e um óbito pela doença em investigação. Mas a dengue não é o único risco. Há outros 950 casos notificados de Chikungunya sendo que destes, 650 já foram confirmados.

É pelo medo do risco de adoecer ou de ter complicações decorrentes da dengue ou da Chikungunya que a população redobra o cuidado. Moradora da Rua Antônio Pedro, no bairro Matadouro, zona Norte da Capital, a aposentada Maria Moreira, 80 anos, se torna um exemplo a ser seguido. Ela conta que nunca adoeceu por dengue ou Chikungunya na vida e que pretende continuar assim.

Maria Moreira, aposentada - ((Foto: Assis Fernandes/O DIA)) (Foto: Assis Fernandes/O DIA)
Maria Moreira, aposentada
Dona de um pequeno jardim em casa, ela mantém os jarros das plantas abastecidos com areia e adubo, evita acumular garrafas em casa e costuma verificar constantemente se há algum foco pelo local. Maria conta que, pela idade avançada, não pode “se dar ao luxo de adoecer, ainda mais por uma coisa que é fácil de ser evitada”.“Eu procuro sempre proteger minhas janelas com telas para evitar a entrada de mosquito e não tenho nenhum vasinho ou garrafa com água ao ar livre. Toda vez que o pessoal da Zoonoses vem eu também abro minha porta porque tem lugar que não tem como eu checar se tem foco e eles fazem isso por mim. Não custa nada e evita um problemão depois”, afirma dona Maria.O problema é que nem todo mundo pensa como ela. Em conversa com a reportagem de O Dia, o agente de endemia Rogério Andrade diz que é comum moradores estarem em casa e mesmo assim se recusarem a abrir a porta para recebe-lo. “Tem gente que responde e pede para passarmos em outro horário, mas nossas visitas são muito dinâmicas e não tem como ficar vindo depois. Então a gente pede que as pessoas abram suas portas, confiram se realmente é o agente de endemia, mas que recebam as visitas”, pede Rogério.
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