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Melancia aumenta dor de cabeça em pacientes com enxaqueca, comprova pesquisa da UFPI

Uma crença popular comprovada pela ciência piauiense: a melancia, ao ser consumida, aumenta a dor de cabeça em pacientes com enxaqueca. A pesquisa inédita no país, realizada no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), foi publicada neste ano em revistas internacionais como European Neurology.

Reprodução/Pexels
Estudo do Piauí comprova que melancia causa dor de cabeça

O projeto de pesquisa é do professor Silva Néto, que recebeu nesta terça-feira (12) o certificado de conclusão do estágio de Pós-Doutorado na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Segundo ele, o estudo faz um ensaio clínico intervencionista para comprovar que a ingestão de melancia é capaz de provocar crises de cefaleia em pacientes com enxaqueca. 

Comprovação do estudo

Durante o estágio, para que o estudo fosse comprovado cientificamente, foi realizada uma amostra na qual foram formados dois grupos, divididos entre pessoas que tinham enxaqueca e as que não eram acometidas pela doença. Na investigação, ambos os grupos ingeriram a melancia e depois de 2 horas da ingestão foi feita a dosagem sanguínea para determinar os níveis séricos de nitrito. Os resultados apontaram que 29% do grupo – que já apresentava dores de cabeça após o consumo da fruta, as tiveram outra vez – enquanto os que não tinham a enfermidade, não tiveram complicações. 

“A gente já sabia da participação do óxido nítrico na fisiopatologia da doença e agora reforça-se essa teoria, pois essa molécula advém dos aminoácidos que estão na melancia. Com essa pesquisa, entendemos que a fruta realmente causa dor de cabeça e o motivo disso ocorrer, tendo em vista que agora não é mais só uma crença, é algo com embasamento científico. Além disso, o projeto abre caminho para novos estudos que poderão surgir à luz dessa temática”.

Silva NétoPesquisador

Ainda segundo o docente, a pesquisa foi iniciada há mais de seis anos quando ingressou no Doutorado. Os estudos foram retomados no estágio de Pós-Doutorado na UFPI e era um anseio do pesquisador. Durante cerca de quase dois anos, ele estudou experimentalmente o tema no Departamento de Biofísica e Fisiologia da universidade.

No cenário internacional, a pesquisa foi publicada na European Neurology com a participação do professor Luciano da Silva Lopes. A Pró-Reitora de Ensino de Pós-Graduação (PRPG) da UFPI, Regilda Moreira-Araújo, evidenciou o papel da universidade na promoção de pesquisas acadêmicas.

“Quando a gente produz trabalhos de impacto, os quais vão ser publicados internacionalmente, acaba que chamamos a atenção para a nossa instituição, para os nossos programas, pois outros pesquisadores vão ler e, por conseguinte, convidar nossos discentes para parcerias, intercâmbios, para compartilhar esse conhecimento. Isso faz com que a UFPI cada vez mais tenha visibilidade e consiga melhor evoluir seu ranqueamento junto às outras instituições de ensino superior”, enfatizou.

Divulgação
Professor Silva Néto é responsável pelo estudo

O supervisor do estágio, o professor Luciano da Silva Lopes, ressalta a contribuição do projeto para a ciência brasileira no estudo e efeito de alimentos comuns no dia a dia, assim como sua interferência em doenças. “São muitas as contribuições que isso trouxe para a comunidade, na verdade, um dos objetivos da ciência é trazer algum tipo de benefício, que nem sempre é visto pela população, mas nesse caso é a explicação de algo que já se sabia ou pelo menos já se tinha uma informação prévia”, diz. 

O Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas é o único da região meio norte e, a partir de 2024, apresentará a primeira turma de doutores formados pela Universidade Federal do Piauí.