Já parou para pensar porque sentimos “dor no coração” quando estamos tristes? O famoso “coração partido” pode desencadear diversos sintomas que, muitas vezes, podem ser confundidos com um infarto, por exemplo. Isso acontece por causa da “síndrome do coração partido”, conhecida também como Síndrome de Takotsubo ou cardiomiopatia do estresse.

Considerada um problema raro que provoca sintomas como dor no peito, falta de ar ou cansaço, o problema surge em períodos de grande estresse emocional e tem origem psicológica. É o que explica o cardiologista Alcino Sá. “É uma disfunção transitória e aguda do coração e ela é decorrente de uma descarga de adrenalina excessiva na corrente sanguínea, geralmente provocado por uma informação ou uma situação de muito estresse, por exemplo, uma morte de um familiar ou então descoberta de alguma doença grave”, afirma.

O termo foi discutido nas redes sociais nesta quinta-feira (1º) após a morte de Rivone de Medeiros Claudino, esposa de Valdecy Claudino, que faleceu no último domingo (28). A idosa, de 89 anos, morreu em sua casa quatro dias depois da morte do marido, o que levou muitas pessoas a comentarem que o falecimento dela estaria relacionado também à “síndrome do coração partido”. 

Segundo a família da Rivone Claudino, sua saúde já estava debilitada há alguns meses, o que fez com que ela não pudesse, inclusive, participar do sepultamento do seu marido. No entanto, é válido questionar: até que ponto a tristeza de um “coração partido” pode contribuir para a piora mental e física de uma pessoa?

De acordo com o cardiologista, a síndrome do coração partido geralmente acomete mulheres de 40 anos ou mais. “A paciente vai para o pronto socorro, faz o eletro e verifica que as enzimas cardíacas estão alteradas. O diagnóstico então é feito com o cateterismo, onde se conclui que não há entupimento nas artérias do coração”, esclarece o Dr. Alcino Sá.

A recuperação desses pacientes acontece em Unidade de Tratamento Intensiva (UTI), tendo em vista que é uma doença grave. “Evolui de forma aguda com o comprometimento cardíaco, porém, os pacientes com a evolução muito boa sobrevivem”, ressalta. 

E como prevenir?

De acordo com a psicóloga Clara Brito, existe uma ligação direta entre o estresse psicológico e o coração. Por isso, é importante ter um bom gerenciamento das emoções. “Nosso sistema nervoso pode alterar a nossa frequência cardíaca e ser impactado quando há fortes emoções, tanto para o lado positivo quanto negativo”, esclarece a psicóloga. 

Com o passar do tempo, o músculo acometido pela cardiomiopatia volta à sua condição normal, mas se indivíduo já tiver outros problemas cardíacos, ele pode sofrer complicações. “Por isso, é preciso ter muito cuidado na hora de avaliar esse tipo de caso. A síndrome pode acometer as pessoas a curto, médio e longo prazo”, enfatiza Clara Brito.

Embora seja uma condição psicológica, é importante que as pessoas que sintam sintomas semelhantes busquem ajuda médica. “É interessante que procurem um profissional para que seja realizada a orientação correta para o tipo de caso”, acrescenta. 

Mas, afinal, é possível prevenir esse tipo de problema? Levando em consideração que não há como controlar como nos sentimos em determinadas situações, o mais recomendado a ser feito é buscar ajuda. Além disso, os indivíduos também devem manter uma vida e dieta equilibrada. 

“Devemos sempre trabalhar o gerenciamento das nossas emoções, fazendo acompanhamento de saúde com bons profissionais, mantendo uma dieta equilibrada, uma rotina de exercícios e criar realmente um estilo de vida mais saudável”.

O que pode causar a Síndrome do Coração Partido?

– Problemas financeiros;

– Diagnósticos difíceis na área da saúde;

– Problemas na família;

– Morte de um ente querido;

– Problemas amorosos, entre outros.

Quais são os sintomas mais comuns?

– Dor súbita no peito;

– Dificuldade para respirar;

– Desmaios;

– Vômitos;

– Tonturas;

– Cansaço, entre outros.