O cantor sertanejo Cristiano, que faz dupla com Zé Neto, compartilhou em suas redes sociais a difícil jornada enfrentada por seu filho Miguel, de 5 meses, diagnosticado com Tetralogia de Fallot, uma rara cardiopatia congênita. Em seu desabafo, o cantor ressaltou a dor imensurável de ver seu filho passar por cirurgia no coração ao nascer.
“Mais um combate, mais uma etapa do milagre da sua vida concluído. É filho, nem com meus 35 anos, já enfrentei tantas lutas como você! A dor de te ver passar por tudo, é imensurável”, disse o cantor em uma publicação no Instagram.
O relato fez com que surgissem dúvidas a respeito da patologia. Para entender melhor sobre o assunto, o Portal O DIA conversou com a cardiopediatra Brenda Lucena que explicou que a Tetralogia de Fallot é caracterizada por quatro malformações cardíacas, e que por isso leva esse nome. A condição resulta em uma deficiência de oxigênio no sangue, levando o recém-nascido a nascer com tonalidade roxa.
“É uma doença do coração em que a criança já nasce com ela. E ela é uma cardiopatia cianogênica, ou seja, a criança nasce roxinha. O coração do bebê tem um pequeno buraco, chamado de CIV, ocasionado pela má formação. O lado direito do coração é maior que o esquerdo, o que chamamos de hipertrofia do ventrículo direito. A artéria pulmonar é mais fina e estreita, que chamamos de estenose pulmonar. Já a aorta tem posição incorreta e o ventrículo direito é mais gordinho que o esquerdo”, explica a doutora.
Atualmente, a doença acomete cerca de 15 mil crianças por ano no Brasil, segundo dados mais recentes. Apesar de ser uma condição rara, é o segundo tipo de doença cardíaca que mais afeta recém nascidos.
Segundo a especialista, a depender do grau de comprometimento, a cardiopatia pode levar à morte. Normalmente, as crianças afetadas precisam de UTI, além de cirurgias para fazer a correção total dessas quatro malformações. “O processo de recuperação depende do grau da estenose da artéria pulmonar. Se for muito acentuada, as crianças precisam passar por correção cirúrgica para fechar o CIV”, ressalta.
A sobrevida das crianças com Tetralogia de Fallot também depende da gravidade da condição, sendo crucial o acompanhamento com cardiopediatra e a realização de exames como o teste do coraçãozinho nos primeiros dias de vida. O diagnóstico precoce, exemplificado no caso de Miguel, possibilita tratamentos e cirurgias, aumentando as chances de sobrevida.
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Teste do coraçãozinho
O "teste do coraçãozinho" é uma importante ferramenta nos primeiros dias de vida de um recém-nascido, sendo capaz de identificar cardiopatias congênitas, incluindo as graves e cianóticas. Segundo a cardiopediatra Brenda Lucena, esse teste, realizado nos três primeiros dias de vida, analisa a oximetria, medindo a quantidade de oxigênio nos membros superiores e inferiores.
Lucena explica que uma diferença superior a 3% nas saturações de oxigênio entre os membros indica um resultado positivo. Nesses casos, deve-se encaminhar a criança para avaliação por um cardiologista pediátrico e realizar um ecocardiograma para investigar possíveis alterações cardíacas.
“O teste do coraçãozinho salva vidas. Além disso, o ecocardiograma fetal, que o Ministério da Saúde recentemente adicionou no calendário obrigatório de exames para gestantes, também salva, pois consegue realizar um diagnóstico mais precoce”, acrescenta a especialista.